Hayley Williams recebeu Eve Barlow para uma profunda entrevista, por Skype, e conversou sobre os dramas vividos na sua banda Paramore, desde histórias da Warped Tour até o rompimento de Josh e Zac (Farro) da banda, em 2010.
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Confira a entrevista traduzida:
Quando Hayley Williams começou o grupo pop-punk Paramore aos 15 anos, tudo o que ela queria era estar em uma banda com seus melhores amigos. E por um tempo, foi o que ela fez. Mas como ela cresceu e se tornou um ícone para adolescentes emo, fazendo turnês pelo mundo todo e lançando álbuns de platina com sua banda, o Paramore estava se desintegrando.
A narrativa circulada pelo ex-companheiro de banda Josh Farro, e favorecida pelos negócios da música, era que Williams era uma líder dominadora. “As bandas têm sido honestas sobre o quanto elas se odeiam, e você nunca pensa, Ah, Thom Yorke deve ser a porra do Hitler dos Radiohead”, disse Williams, agora com 31 anos. “Será que é simplesmente porque eu sou uma mulher? Eu poderia ter tido um ‘pênis’ e a história não teria tido nenhuma força”.
Farro e seu irmão Zac deixaram a banda originalmente composta por Williams, irmãos Zac (bateria) e Josh Farro (guitarra), e Jeremy Davis (baixo). Williams e o guitarrista Taylor York (que entrou em 2007) sobreviveram a cada uma das iterações do Paramore. Em 2010, e ao longo dos anos, o Paramore passou por múltiplas mudanças de membros. (Zac voltou em 2017.) Após uma turnê em 2018, Williams decidiu que ela também precisava de uma pausa. Ela estava passando por um divórcio (ela havia se casado com seu parceiro de longa data Chad Gilbert, do New Found Glory, em 2016), e sua depressão havia se tornado incontrolável. Ela se internou em uma clínica de terapia intensa. E em 2019, ela começou a escrever o que jurou nunca fazer: um álbum solo. Petals for Armor, um álbum lançado em três partes, (na íntegra em 8 de maio), é uma odisseia meditativa através do passado de Williams e sua busca pela solidão criativa.
Por Skype, Williams está debaixo de um cobertor pesado, e seu cachorro, Alf, está pedindo atenção. “Oi!” ela diz, sorrindo. “Bem-vindo à minha cama. Normalmente é preciso mais do que dois encontros antes de eu ter alguém aqui”.
Eve: Quem foi a última pessoa com quem você saiu antes da quarentena?
Hayley: Foi Joey [Howard, baixista de turnê do Paramore e co-escritor de Petals for Armor] e Mike Kluge, que faz visuais para o Paramore. Eu fui até o Mike para falar sobre como seria o show ao vivo. Nós estávamos nos preparando para ensaiar. Foi o encontro mais longo. Pizza na sala de estar com uma tela enorme para mostrar todas as ideias. Parece que foi há dez anos.
Eve: Há coisas que você acha que tomou como certas, agora que está em quarentena?
Hayley: Eu tomei tudo como garantido. Pensei em levar meu carro para o lava-jato – acho que isso não está fechado agora – só para ouvir música e sentar em algum lugar onde uma máquina está fazendo algo por mim.
Eve: Recentemente você adiou sua turnê para 2021. Faz sentido lançar um disco sem fazer uma turnê?
Hayley: O que eu senti sobre isso foi que tudo acontece quando é para acontecer. Há momentos em que me sinto ridícula ao colocar música e não me sinto preparada para lidar com o que vem com isso. Você está colocando para fora para ter algo de volta, seja uma resposta ou alguém para comprar um ingresso para vir e te ver. Ultimamente, eu preciso sentir como se isso estivesse saindo de dentro de mim. Eu estou grávida disso há tanto tempo. Se eu fosse empurrar isso de volta, eu provavelmente me sentiria muito deprimida agora mesmo.
Eve: Você tem feito muito trabalho em terapia para sua depressão. Em 2018, você escreveu em um artigo em que a certa altura você esperava morrer. O que a fez escrever isso?
Hayley: Eu senti medo de falar sobre depressão por um longo tempo. Quando eu escrevi isso, eu não tinha sido diagnosticada. Eu sou uma pessoa inteligente o suficiente. Posso pensar no que estou passando, mesmo quando estou realmente para baixo. Muitas pessoas com ansiedade ou depressão são intelectuais e podem entender, mas é maior do que isso. É um problema químico. Eu estava percebendo o quanto estava fora do meu controle. Era importante falar sobre isso. Colocar isso na minha frente foi um ponto de inflexão.
Eve: Quem respondeu a isso?
Hayley: Pessoas que estavam perto de mim e que não tinham entendido tudo. Tudo até o verão de 2018. Em 2017, Paramore lançou seu quinto álbum, After Laughter, e fez uma turnê por mais de um ano. No verão de 2018, eles embarcaram em sua quinta etapa – um dos momentos mais bonitos da vida da nossa banda – foi um aconchego. Estávamos aprendendo a falar uns com os outros em um nível adulto. Foi uma boa preparação para mim. Quando fiz o ensaio do artigo, eu já estava expondo esses sentimentos à minha família. Agora, quando minha amiga Bethany [Cosentino] da Best Coast liga e nós dois estamos passando por algo, podemos falar sobre possibilidades: coisas que temos, maneiras de contornar isso. Mesmo que só precisemos desabafar.
Eve: O que há de poderoso no desabafo?
Hayley: Ser uma mulher na indústria da música não é muitas vezes uma conversa que eu adoro ter. É apenas a minha existência. Seria como alguém ser para qualquer um: “Como é ter mamilos?” Eu não sei. Eu sempre tive eles. Mas depois de passar por algumas das coisas pelas quais passei, percebi o quanto me senti só por muito tempo porque não fui capaz de compartilhar minhas fraquezas com as pessoas. Você escolhe as que quer colocar em uma música. A raiva foi meu meio por um longo tempo. Quando se trata do que está por baixo dessa raiva, essa merda é tão assustadora. Colocar um pouco dela para fora me fez mais empática e conectada com minhas colegas artistas femininas. Julien Baker e eu temos tido grandes conversas que me fazem entender algo no meu cérebro a partir de um ponto de vista diferente. Eu sempre poderia ter tido acesso a essa comunidade de pessoas que precisam umas das outras.
A vida de Julien é tão diferente da minha. Ela cresceu no Tennessee e tem ansiedades com as quais eu nunca tive que lidar. Muitas coisas são inatas à experiência de uma mulher no mundo e também na cena musical. A empatia compartilhada que temos uma pelo outra é o acesso a um culto pelo qual eu não sabia que tinha uma vocação. Eu tinha que encontrar a porta e sussurrar alguma palavra secreta. Eu precisava ser vulnerável de uma nova maneira.
Eve: Bethany Cosentino também já usou a raiva como meio no passado. Havia um momento de realização entre você e ela sobre questões de saúde mental?
Hayley: Há muitos momentos de realização e inspiração com a Bethany. Fizemos uma turnê juntas em meio a rupturas de relacionamentos de longo prazo. Lutamos contra tantas das mesmas manifestações de ansiedade. Coisas hormonais, pele. Temos um fio de texto que é basicamente “Acne Anônima”. Nós tivemos algumas noites antes dela ficar sóbria.
Nós estávamos jogando em um cassino. Comemos no hotel, tomamos uma garrafa de vinho, comemos muita massa e conversamos sobre a merda que estávamos passando – como não estávamos sozinhas há muito tempo, mas estávamos solitárias, como era a sensação de [estar] em turnê. A Best Coast estava abrindo para Paramore, mas o quarto de hotel dela era muito mais bonito que o meu. Eu fiquei tipo, “Puta merda! Eu vou ficar aqui esta noite”! Nós ficamos no quarto dela e fizemos máscaras faciais. Assistimos ao Shark Tank. Tive uma ressaca enorme no dia seguinte.
Ambas tivemos sorte. Nós temos caras incríveis em nossas bandas. Estou no ponto agora em que se alguém não pode se chamar de feminista, macho ou fêmea, eu fico tipo, “O que você é então?”. Eu gostaria que não tivesse que ser uma palavra – o feminismo. É apenas decência comum.
Eve: Houve algum ponto em que você não gostou da palavra feminismo?
Hayley: Sim, acabei de falar com Alicia [Bognanno] da [banda punk de Nashville] Bully sobre isso. Por muito tempo, as pessoas nos perguntavam sobre sermos mulheres. Eu teria uma oportunidade e pensaria ou eu não mereço, ou é só porque eu sou mulher, ou eu quero me diminuir porque eu não quero me afastar dos caras. Eu não quero ser tratada de forma especial. Eu também não quero ser tratada como merda. Ela começou a fazer turnê [quando ela era] um pouco mais velha que eu [era quando eu comecei]. A merda que ela teve que aturar como uma mulher na casa dos 20 anos é uma merda obscena. As pessoas diziam [para ela], “Quem você está fodendo?”. Eu tinha 16 anos. As pessoas pensavam que eu era uma garota propaganda. Eu parecia que tinha 12 anos. Eu não estava transando com ninguém, sabe o que quero dizer?
Eve: Paramore tem quase duas décadas de existência. Observando os antigos “webisódios” que a banda fazia, você sempre foi a única fêmea nos espaços masculinos. Não é um mundo glamouroso. Já houve momentos em que lhe disseram que você era privilegiada?
Hayley: Não. Eu fiz questão de nunca ser a privilegiada. Eu recebi merda por não usar maquiagem em uma sessão de fotos. Batom. O fotógrafo queria que eu tentasse, e eu disse: “Os caras não estão tentando, então não vou fazer merda nenhuma”. A primeira vez que nos ofereceram a Warped Tour [em 2005], eu já estava esperando. Nunca aconteceu, eu era muito jovem, não era permitido. Os caras e eu não ouvimos o pop punk antes de escrever “Pressure”. Nós ouvíamos coisas mais pesadas como Deftones. Nós queríamos ser mais sombrios. De repente, escrevemos “Pressure”, e foi isso – íamos escrever “músicas emo”! É muito louco isso ter acontecido. Mas de repente o tipo de atenção que estávamos recebendo era diferente. Eu não sabia o quão tóxico aquele mundo poderia ser.
Eve: The Warped Tour?
Hayley: A cena pop-punk e emo no início dos anos 2000… Era brutalmente misógina. Muito sexismo internalizado, e mesmo quando você teve a sorte de conhecer outras bandas que eram gentis e respeitosas, havia outras merdas que não eram. E eu era muito espirituosa. Nos ofereceram o WarpedTour , e houve um aviso: “É um palco chamado Shiragirl Stage”. É tudo feminino”. Eu estava chateada! Eu queria um palco de verdade. Quando me oferecem oportunidades femininas, parece mais um insulto do que elogio.
Mas as pessoas às vezes pensam que isso é anti-feminista, que eu não quero me juntar com as garotas. Como uma garota de 16 anos que sonhava em brincar com os meninos grandes, parecia que estávamos sendo desprezadas. Naquele verão nós saímos, e eu nunca vou esquecer [isso]. Nós tocamos na Flórida, e o palco era um caminhão que tinha uma mesa em cima dele. Era tão frágil que tremia e se desfazia. Talvez houvesse uma outra mulher em uma banda [em turnê], e as pessoas ficavam olhando fixamente. Eu não acho que de uma maneira perversa. Eles estavam confusos, tipo, O que eu ganho com isso? Sobre o que ela está cantando? Eu sou um cara – como eu me relaciono?
Eve: Você acha que isso estava tão evidente?
Hayley: Eu escrevi propositalmente sem pronomes durante anos por causa disso. Então eu estava tipo, que se foda, eu não me importo. Algumas coisas não terão pronomes, mas quando for a minha experiência, terá. Tivemos que nos provar muito duramente. Eu cuspia mais longe, gritava mais alto e mais selvagem do que qualquer um. No verão seguinte, subimos para um palco um pouco maior. Esse foi o ano da porra dos preservativos.
Eve: O ano das camisinhas?
Hayley: Cara, sim. O verão dos preservativos 2006. Me jogaram camisinha. Em 2005, eu usava camisetas todos os dias. Em 2006, eu estava um pouco mais confortável. Eu usava um top. Mas meu peito ficava exposto. Estávamos em San Diego ou San Francisco, e um preservativo voou até mim e ficou preso ao meu peito enquanto eu cantava. Eu estava tão envergonhada. Eu comecei a falar merda, porque eu era tão jovem e arrogante. Eu não acho que eu estava errada. É que agora eu tenho mais ansiedade do que tinha aos 16 anos. Eu tinha muito mais confiança aos 16 anos. Confiança ignorante. Mais tarde, nós fizemos uma turnê com uma banda e estávamos no ônibus deles e um dos amigos deles falou algo sobre a minha vagina. Na minha frente. E –
Eve: Um dos amigos de quem?
Hayley: Eles ficaram envergonhados. Eu não quero dar nomes. Não era uma banda enorme – foi uma das que abriram.
Eve: O que eles disseram?
Hayley: Eu não consigo lembrar o que esse cara disse porque eu vi vermelho tão rápido, mas ele se referiu à minha vagina. Eu tinha literalmente 16 anos, prestes a completar 17. Todos estavam rindo. Ninguém prestou atenção, porra… eu estava tipo: “Por que você acha legal falar da minha vagina?”.
Eve: Quantos anos eles tinham?
Hayley: Na casa dos 20 e poucos. O cara e a garota que estavam na banda… que se foda. A banda era o Straylight Run – um dos caras do Take Back Sunday e sua irmã. Ela foi a minha salvadora. Foi a primeira vez que eu fiz uma turnê com uma mulher. Ela era muito mais velha que eu. Mas John [Nolan do Take Back Sunday] estava tão irritado. Uma vez que eu falei como me sentia, foi como se eu tivesse criado um vácuo: Ah, sim, isso não está bem. Eu era muito mais ousada quando surgia a oportunidade de falar por mim mesma, porque a internet não era o que é hoje. Apenas dois anos depois, eu fiquei bastante silenciosa.
Eve: Silenciosa como? Você parou de brigar sobre suas experiências de sexismo?
Hayley: Eu falava alto sobre as coisas que eu achava que poderia vencer: injustiças ostensivas contra minha feminilidade ou contra a banda. Havia coisas na imprensa que estavam erradas. Eu odeio me sentir mal representada. Quando as pessoas começaram a falar sobre algo que eu disse ao Zac na van a caminho de um show, e havia um jornalista lá, e eles me entenderam mal, porque eles não têm o contexto da nossa amizade… eu ficava um pouco mais quieta, ao passo que ficava mais confusa sobre quem eu era. Não tenho certeza se a confusão veio da imagem do espelho de toda a imprensa sobre mim ou se foram decisões pessoais que eu estava tomando e que estavam me tirando do rumo. Ou se foi uma tempestade perfeita de ambos.
Eve: Paramore é uma banda há 16 anos, em meio a mudanças dramáticas e de formação. Os comentários de Josh Farro ao público quando ele e seu irmão Zac desistiram em 2010 montaram uma narrativa de que você era uma líder tirânica com o qual ninguém poderia trabalhar. Poderíamos interpretar isso agora como sexista.
Hayley: Obrigado por dizer isso. Acho interessante que bandas que amamos que passaram por mudanças de formação – mesmo bandas que não passaram – tenham sido honestas sobre o quanto eles se odeiam, e você nunca questiona sua lealdade. Você nunca pensa, Ah, Thom Yorke deve ser a porra do Hitler dos Radiohead. Ele pode ser um idiota. Será que é simplesmente porque eu sou uma mulher? Eu poderia ter tido um pinto e a história não teria tido nenhuma força. Por muito tempo eu fiquei brava. Agora eu olho para trás e acho que precisávamos disso para acontecer. Precisava haver infecções cortadas. Nós precisávamos derramar sangue.
Eve: Então a saída do Josh foi necessária?
Hayley: Sim, ele mesmo fez essas incisões. Isso foi tão doloroso. Mas a toxicidade entre nós, os cinco? Nós não éramos realmente amigos naquele momento. Agora, quando encontro o Josh, quase não sinto nada. Nenhuma parte de mim é acionada.
Eve: Você sente algum amor por ele agora?
Hayley: Você sabe o que eu sinto? Se bem me lembro, foi isso que Taylor [guitarrista] e eu dissemos ao Josh quando o encontramos em uma cafeteria. Nós dissemos: “Nós fizemos algo que foi tão louco e inacreditável”. Um dia, estávamos na escola juntos. No minuto seguinte, estávamos em Wembley”. Wembley foi um show de merda. Nos bastidores? Terrível.
Eve: O que aconteceu?
Hayley: [Pausa.] [Josh] me perguntou quanto dinheiro eu achava que ele valia.
Eve: Como você reagiu?
Hayley: Eu olhei para ele e disse: “Eu não sou boa com números. Você está brincando comigo? Não me pergunte isso”. Ele [Josh] sabia que eles [Josh e seu irmão Zac] iriam embora, que este era um dos últimos shows deles. Ele estava tentando descobrir se ele ia tomar uma ação legal contra nós para ser dono do nome ou… não me lembro de tudo pelo que ele ia lutar, mas ele acabou não fazendo nada. Não é fácil lutar contra seus amigos. O que eu gosto de acreditar é que houve um momento em que ele percebeu que não valia a pena. Tudo foi largado. Foi uma merda. Você não pensa que vai sobreviver depois disso. E [Paramore] fez dois álbuns desde então, que são os melhores que já fizemos.
Eve: Originalmente, você assinou com a Atlantic em 2003 como uma artista solo, mas lutou com a gravadora para perseguir com seu objetivo de estar numa banda. Você entendia as ramificações de ser o único nome num contrato?
Hayley: Não. Eu achava que era mais esperta que todo mundo. Tinha 15 anos na época. Eu me pergunto quais palavras eu usei porque eu não tinha a perspectiva que eu tenho com 31. Tínhamos todas aquelas músicas que a gravadora gostou mais do que as músicas que eu escrevi sozinha, mas a gravadora queria que eu as lançasse como Hayley. Eu não queria fazer isso. Eu disse à [então presidente da Atlantic] Julie Greenwald que eu não queria lançar uma música ou ser entrevistada sob o meu nome. Houve uma conversa acalorada com um time de pessoas às quais eu disse que eu seria igualmente feliz se eu tocasse essas músicas no porão do Taylor pelo resto da minha vida. Foi um momento de muito poder. Minha voz tremia. Eu estava chorando.
Eve: Uma reunião de diretoria?
Hayley: Sim, com advogados e tudo. Havia alguma coisa de licitação acontecendo. Foi no início dos anos 2000. Avril Lavigne estava no auge. Kelly Clarkson estava nos seus calcanhares tentando fazer guitar pop. Ashlee Simpson tinha assinado com Geffen e era pop punk. De repente eu era esse prospecto para a gravadora. Meu pai e minha mãe queriam que eu fosse esperta. Eles não queriam que eu passasse por isso. Eu tive aquela conversa com eles e me encontrei com os meninos e disse “Eu não sei!”. Eu não queria fazer isso como Hayley. Eu estava tipo “vocês são a única gravadora que aceitaram a ideia da banda, então vamos descobrir uma forma de fazer isso dar certo”. Durante aquela época, nós encontramos nosso empresário, Mark [Mercado].
Eu realmente achava que um contrato não importava. Em várias formas, não importa mesmo. Eu tinha tanta vergonha de mim por ser o único nome no contrato. Mais tarde, Mark falou “aqui estão todas as bandas que somente uma pessoa é contratada”. Não vou listá-las. Não vou ser dedo-duro. Mas não é grandes coisas. Minha posição era “Mark, só me dê certeza de que todos estão seguros”. Eu não queria saber sobre contratos. Isso nunca importou para mim. Eu tinha tanta vergonha de mim por ser o único nome no contrato. Nunca falei sobre isso. Ainda não sei como articular. Sinto como se a parte de mim que fala sobre isso ainda tem 15 anos.
Eve: A síndrome do impostor agarrada em você.
Hayley: O que mais me aborrecia era as pessoas nos colocavam uns contra os outros como amigos, como se eu era a mentora por trás de um plano doido. Eu tentava mentorear quando dizia “Eu vou foder a Atlantic Records! Isso será uma banda afinal!” O que aconteceu foi ótimo. Fueled by Ramen trabalhava com a Atlantic, e nós queríamos estar numa gravadora como esta. Não queria lançar um álbum de músicas as quais eu escrevi com meus colegas de banda e gravá-las sozinha. É irônico, porque é o que eu estou fazendo agora! É sobre isso que a música “Conspiracy” fala. Eu sentia como se eu tivesse perdido todo o meu poder. Todos estavam contra mim. Tudo que eu tinha eram os meus colegas de banda, e até mesmo eles estavam me olhando tipo “Por que não estamos nisso juntos?” e eu estava tipo “nós estamos nisso juntos”. É somente a natureza disso. Você tem pessoas o suficiente sussurrando no seu ouvido e todo mundo começa a pensar que alguma merda tá acontecendo. Isso era amplificado na imprensa. Especificamente quando viemos ao Reino Unido pela primeira vez.
Eve: A imprensa musical do Reino Unido tem um talento especial para destruir as bandas que eles amam.
Hayley: Meu Deus, sim. Vamos ser honestos. Se não tivéssemos todo esse drama estúpido pra caralho por todos aqueles anos, as pessoas ao menos saberiam quem somos nós ainda? Todas essas fofocas nos ajudaram durante os nossos anos mais lentos? Eu não sei. Eu não vou tentar voltar atrás e consertar. A época do After Laughter foi tão doce. Especialmente para mim e o quão deprimida eu estava. Nós nos curtíamos, falávamos sobre essas coisas. Zac [Farro] era capaz de falar para nós sobre onde ele estava quando saiu. Eu não falava com ele há 6 anos.
Eve: Nem uma palavra?
Hayley: Nem uma palavra. A primeira vez que eu falei com ele foi quando nós estávamos fazendo um show principal em Auckland durante a era self-titled [2013]. Zac estava morando na Nova Zelândia. Estávamos no seu território. Eu estava tentando guardar a sensação de como isso era no meu corpo. Não era mais estranho. Enquanto eu estava sentada no meu quarto de hotel pensando sobre isso, um comercial de um festival começa e a banda do Zac HalfNoise aparece. Eu estava surpresa por ter me sentido orgulhosa. Do nada. Seis anos se passaram, mas eu estava tipo “Porra, esse é o meu menino Zac.” Eu lembrava dele fazendo demos no GarageBand na van, e agora ele estava tocando num festival em Nova Zelândia sozinho. Eu procurei pelo seu endereço de e-mail, e eu escrevi para ele: “Você apareceu na minha TV. Tudo o que eu quero dizer é que eu estou muito orgulhosa de você.” Foi quando o gelo foi quebrado.
Eve: Como ele respondeu?
Hayley: Ele foi fofo, disse “eu não posso ir ao seu show, mas eu estou muito orgulhoso de você e eu estou com saudades”. Nós acabamos não saindo por um tempo. Não até entrarmos no estúdio para o After Laughter. Eu estava nervosa em sair com ele de novo. Era tanto uma afirmação da vida. Eu, Taylor e Zac sentados de novo numa sala. Eles eram os garotos com quem eu saía quando éramos mais novos. Quando eu tinha 13 ou 14 anos e eu gostava do Josh, ele gostava de mim também. Nós saíamos com a sua namorada, para quem eu escrevi “Misery Business”, porque eu era uma idiota. Eu saía com Taylor e Zac. Nós ficávamos no Instant Messenger e éramos idiotas. É tão surreal para mim ainda fazer música com eles, simplesmente apreciar conhecê-los.
Eve: Com esses relacionamentos apaziguados, você saiu em turnê pelo After Laughter, mas você tinha apenas começado o processo do seu divórcio. O que você encarou quando a tour parou e voltou para casa?
Hayley: Eu nunca tratei sobre o que estava acontecendo com o meu cachorro. Eu deixei porque era muito doloroso classificar no meio de uma sensação desanimadora de fracasso. O divórcio dos meus pais foi o momento pivô da minha vida. Eu continuo descobrindo maneiras pelas quais eu posso trabalhá-lo em mim.
Eu voltei para casa em agosto ou setembro [2018] do After Laughter. Tem um post que eu fiz no Instagram no caminho para casa voltando do Japão, eu disse “Estou pronta para voltar e me curar de verdade.” Não acho que eu sabia o que estava dizendo. Se eu soubesse com o que se parece a cicatrização, eu nunca teria ido atrás disso. Eu iria querer fazer outra tour. Eu voltei para casa e fiquei por uma semana muito feliz — Eu terminei esse álbum com meus garotos e tá tudo ótimo! —, então eu percebi que eu não queria mais trazer de lá pra cá o meu cachorro.
Eve: Presumo que você que tinha que ver seu ex regularmente para fazer isso
Hayley: Sim. E não há frutos disso. Olha, talvez alguns casais conseguem fazer isso. Mas não esse. Eu tinha que fazer terapia. Estava tendo muitos pesadelos. Eu ainda tenho. Agora eu acredito que os sonhos que eu tenho são resultados do meu corpo processando as coisas para que minha minha consciência não tenha que fazer durante o dia, como se estivesse dando certo.
Eve: Quais são os sonhos?
Hayley: Eles são bem fodidos. Geralmente há água em meus sonhos. Eu sempre compus sobre relacionamentos usando água como metáfora. Os sonhos recorrentes mais memoráveis da minha infância são todos relacionados com água. Eu comecei a ter vários assim novamente. Resultou em ataques de pânico e eu acabei num hospital. Eu desmaiei.
Eve: Quando foi isso?
Hayley: No final de 2018. Foi uma lição lenta para mim — o quanto de poder nossas emoções têm em nossa saúde física. Isso começou a acontecer porque eu estava em negação. Eu encontrei um local onde eu podia ir e estar em um grupo seguro ou sozinha e conversar. Foi onde eu fui diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático. Fazer terapia tem sido mais importante para mim do que a medicação. Agora eu não nego as coisas que eu senti ou as que fui exposta pela minha mãe e outras mulheres na minha família. As experiências delas foram carregadas e não foram corrigidas ou tratadas.
Eve: O trabalho te ajudou a entender por que você estava se divorciando ou por que você se casou em primeiro lugar?
Hayley: Bem, isso é fácil. Eu me casei porque eu tinha muita vergonha dos erros que eu cometi. Eu comecei esse relacionamento de forma prematura. Ele não era divorciado [da sua esposa anterior] ainda. Eu estava muito solitária. Era o início de quando eu e os meninos não estávamos tendo um momento bom na banda. Eu comecei a tomar decisões ruins: correndo, procurando a saída correta. Dez anos tentando resgatar um erro terrível vai te encaminhar para várias saídas erradas, incluindo diretamente à igreja.
Eve: Qual foi o erro? Namorá-lo enquanto ele estava com outra pessoa?
Hayley: Sim. Eu me senti impotente e envergonhada. Parecia que a única saída era permanecer naquilo. [Quando] eu tentei namorar [novamente], eu estava sabotando [relacionamentos] com potencial. Eu encontrei a minha mãe e disse “O que há de errado comigo? Por que eu faço isso? Não me diga que é pelo seu divórcio.”. Ela tinha várias respostas sobre como foram meus primeiros meses fora do útero, o que era a vida durante o divórcio. Eu tinha uma cabeça de 4 ou 5 anos. Não consigo lembrar. Tenho uma lembrança da porta batendo e de repente eu estava só com um deles, e eu não consigo lembrar com qual deles eu estava e quem estava do outro lado. Eu vim tentando consertar onde a minha mãe e meu pai erraram em meus relacionamentos. Com meu ex eu me sentia como “finalmente, alguém me escolheu.”. Minha mãe se sentia assim em seu relacionamento. Mas no primeiro sinal de perigo, eu disse “eu vou resgatar isso”. Não importa se alguém não é fiel, não importa se eu me sinto como uma maluca o tempo todo, sou forte o suficiente, vou consertar. Essa é minha mãe. Meu pai é um homem incrivelmente doce. Mas eles eram crianças quando começaram a namorar. Algumas das piores partes do relacionamento deles eu reencenei.
Eve: Seu último single, “Dead Horse”, remete a quando você era a outra e como subsequentemente você foi traída.
Hayley: Cantar isso era como se eu estivesse em uma sacola de plástico por anos e finalmente abrir um buraco nela. Eu tinha muita vergonha em ser a outra, em ter sido traída, em ter ficado. A canção foi feita para mim. Não é como se eu estivesse sentada olhando para alguém pedindo “me machuque, será ótimo”. Mas eu fiquei muito. Eu fiquei várias vezes. Eu acho que eu gosto de mim mais do que isso, sabe? Eu não sei o que é preciso para me livrar da vergonha, mas talvez seja algo que me ajude a ter compaixão e não negar.
Eve: Há paralelos entre o que você expressou sobre infidelidade e a maneira que Fiona Apple falou sobre seu novo álbum Fetch the Bolt Cutters.
Hayley: É o que ela compôs a música “Newspaper”? Eu ouvi essa música e estava tipo “eu sou essa pessoa, eu estou nisso.” “Under The Table” mexeu pra caralho comigo. Eu ouvi a voz dela cantar essa letra na minha cabeça toda vez que eu lia algum comentário de algum ignorante machista certamente branco de mais idade.
Eve: Na entrevista para a Vulture, Fiona Apple fala sobre ser a outra também. Ela diz: “eu senti meu ego inflar primeiro. Mas eu nunca parei de ter nojo das memórias, e eu me pergunto se é porque eu nunca pedi desculpas à mulher.”
Hayley: Uau. Ok, bem, eu não sei o quão pessoal ficar, mas eu nunca fui capaz de fazer as pazes — após meu divórcio, e devido à bondade da outra pessoa. Eu não quero expô-la, porque é injusto. Eu não sei quando isso aconteceu na vida de Fiona. Eu consigo imaginar que se ela carregou isso por muito tempo e não é capaz de dizer “Me desculpe”, deve ser horrível. Eu conheço esse sentimento. Durou mais do que eu gostaria, mas nós nos entendemos em um nível. A pessoa que ofendi quando eu era a outra, naquele ponto da minha vida, era a única pessoa no mundo inteiro que poderia ter compreendido minha dor específica. Porque eu fui traída e me senti sozinha e burra. Considerando que em um ponto nós estávamos empatadas, é interessante.
Eve: Reconciliar-se com a mulher que ele originalmente traiu te curou da sua subsequente traição?
Hayley: Sim. O que é difícil para as pessoas que se sentiram traídas é entender que não tem nada a ver com elas. É sobre a parte ofensiva. Para mim, fazer as pazes significava ser capaz de lavar todo o veneno que flutuava em mim. Me ajudou a finalmente deixar para trás, porque muito do motivo pelo qual eu fiquei era para provar que eu não era uma pessoa ruim.
Eve: Sua voz sempre foi sinônimo da raiva emo. Em “Simmer”, o single de estreia de Petals for Armor, soa mais silenciosa. Me lembrou um pouco RadioHead.
Hayley: After Laughter foi muito dançante. Músicas felizes, um pouco bombástico. Esse negócio parecia dominado, como se estivesse realmente fervendo. Sentia raiva. Era como se precisássemos sussurrar porque nós não sabíamos que merda estava a ponto de explodir. Os sons que estou escolhendo não precisam todos soarem raivosos para expressar isso. O jeito que [Thom Yorke] trabalha para encontrar novas ferramentas é inspirador e me ajudou a criar uma nova coragem. O primeiro álbum da Björk foi impactante. Eu estava ouvindo Sade e Erykah Badu.
Eve: Criar este projeto te fez se sentir mais livre para usar sua voz de forma diferente?
Hayley: Uau, sim. Não havia pressão para soar de uma forma específica, ou para ser reconhecida.
Cada música era um processo diferente. “Cinnamon” começou comigo na bateria. “Simmer” começou comigo imitando instrumentos em um microfone. Não havia um guia, então a minha voz combinava com qualquer direção que fôssemos. Eu me sinto mais poderosa quando posso dizer “sim” ou “não” calmamente, mesmo que tenha muita coisa por trás. Eu passei muito tempo da minha carreira e da minha vida gritando para as paredes, tentando encontrar um ponto para aqueles que geralmente não ligavam para o quê era o ponto. Agora eu percebo que meu poder não existe ali. Não há um movimento. Mas quando eu posso me posicionar sobre isso e é apenas para mim, não é sobre provar alguma coisa. Tenho mais convicção. Então é esse o ponto.
Eve: O que, ao escrever essas músicas, fez você perceber que precisava delas mais para você mesma do que para o Paramore?
Hayley: Bem, o Paramore concordou em dar um tempo. Quando terminamos a era self-titled [2013], estávamos destruídos. Ganhamos um Grammy e estávamos tão infelizes. O Taylor é o único que nunca saiu. Entre os álbuns, ele é o único que nunca parou de trabalhar. Eu disse ao Taylor, “Nunca mais, amigo. Não vamos mais fazer isso. Não precisamos disso.”. Estávamos no celular assistindo ao VMA dos nossos respectivos sofás, e eu disse “Essa merda é um saco, mano. A partir de agora, importa o que as pessoas irão nos prometer se não queremos mais isso em primeiro lugar?”. Fizemos um acordo de que iríamos fazer as coisas de forma diferente. Então eu tentei sair da banda porque eu estava passando por um momento pessoal turbulento. Foi aí que nós escrevemos o After Laughter e eu não estava bem.
Nós estávamos terminando o disco e eu disse para o Taylor “me prometa que você irá me dizer quando você não estiver bem”. Na gravação do videoclipe de “Rose-Colored Boy”, a família dele passou por uma perda insana. Ele disse para mim e para o Zac que deveríamos parar assim que terminássemos as turnês que havíamos planejado. Eu levei a sério. Quando eu percebi que eu estava escrevendo esse disco, eu pensei “eu deveria criar uma página no Spotify e o colocar para fora.”, como se fosse fácil assim. Daí duas outras músicas surgiram e Taylor disse “quando você irá dizer ao nosso empresário que você está fazendo um disco?” Eu respondi que “eu não estou fazendo um disco!” e ele estava tipo “você está fazendo um disco.”
Eve: Você estava com medo de dizer à gravadora?
Hayley: Claro. Uma vez que eu dissesse à gravadora, seria real. Eu entraria no trem. Estaríamos em movimento.
Eve: Você tinha medo de ser uma artista solo?
Hayley: Sim. Eu ainda tenho medo de ser uma artista solo. Eu não quero ser uma artista solo. Eu nunca serei uma artista solo. Estou em negação. Taylor e Zac estão fazendo suas coisas. Eles estão felizes que podemos individualizar. É um ótimo exercício para nós. Mas eu tenho muito medo disso. Eu não prefiro assim. Há mais do que uma necessidade. Tem dias que eu acordo e desejo que eu não tivesse começado isso. De forma esperançosa, é um bom ano.
Eve: A letra “nothing cuts like a mother” em “Simmer” é sobre você?
Hayley: Sim e não. Eu obviamente não sou mãe.
Eve: Você meio que é.
Hayley: Do Paramore? Estou trabalhando isso atualmente na terapia. No fato de que crianças com pais divorciados se sentem como órfãs. Não importa o quanto os pais tentem ou o quanto eles nos amam, nos sentimos órfãos. Quando eu era nova, eu me identificava com as histórias do Peter Pan. O que estou aprendendo na terapia é que eu tentei ser a Wendy Moira Angela Darling o tempo todo nessa merda. Eu encontrei minha família nos meus colegas de banda. Daí, nos colocamos numa posição onde saíamos pela estrada, vivíamos como os Garotos Perdidos, e eu estou constantemente tentando compreender como cuidar deles. Eu sinto uma responsabilidade imensa sobre nosso grupo. Quem está cuidando de mim? Eu adoraria ser mãe um dia. Mais do que tudo, eu ainda estou aprendendo a ser minha própria mãe. É difícil de aceitar aquela versão mais nova de mim que se sentia órfã ou perdida e não merecia a merda que ela viu. Soa como se eu estivesse ressentida com meus pais. Meus pais são maravilhosos e bons um para o outro. Eles amadureceram. Ao mesmo tempo que eu me senti órfã. Foram ambos.
Eve: Se você olhasse para a Hayley de 16 anos, como você cuidaria dela?
Hayley: Eu não sei se é possível para alguém com 16 anos não se preocupar com o quê estão falando sobre eles, mas eu iria querer dar algum tipo de escudo. Meus pais não tinham como saber pelo quê estávamos passando. Todos queriam falar sobre o quão jovens éramos, mas nos tratavam como se fôssemos velhos o bastante para suportar as coisas. Não estávamos numa posição natural. Eu penso no que eu diria para meu filho. Eu diria: “aqui estão seus suplementos, tome magnésio toda noite. Isso funciona para caralho, cara. Você é um adolescente de 16 anos, e as emoções não desaparecerão.”. Mas seria praticamente impossível de aprender soluções práticas para uma vida que parecia tão impraticável. É muito difícil para mim ser leve. Eu dou entrevistas e é pesado. Eu sempre penso Deus, eles devem achar que eu não me divirto. Mas é a natureza da época da vida na qual estou e é difícil. É como se fôssemos a porra de um solo, com plantas crescendo agora mesmo.
Tradução por Rita Nogueira e Rodrigo Dutra, equipe Paramore Brasil
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