Em entrevista para a Vanity Fair, Hayley Williams contou um pouco mais da experiência inédita de sair em carreira solo, do processo criativo de seu álbum Petals for Armor e sobre voltar às origens musicais nesse novo projeto.
A cantora ainda deixou claro que o Paramore vem discutindo sobre os rumos que a banda pensa em tomar com o seu sexto álbum de estúdio!
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Na semana passada, a cantora e compositora Hayley Williams estava sentada em sua casa em Nashville em auto-isolamento, onde recentemente gravou um videoclipe de exercícios aeróbicos de Over Yet e um cover acústico da Phoebe Bridgers. Através da tela do computador, sua quarentena parecia tranquila, com uma formidável planta no centro da mesa ao fundo. Desde adolescente, em meados dos anos 2000, a banda de Williams, Paramore, tem entregado com freqüência seu punk pop em rajadas apertadas e precisas para multidões arrebatadoras. Agora com 31 anos, ela lançará seu primeiro álbum solo, Petals for Armor, sob circunstâncias mais calmas, no dia 8 de maio.
Mas mesmo antes da crise atual, Williams não tinha planejado essas apresentações ao vivo em estádios. Esta nova fase de sua carreira, disse ela em uma entrevista em vídeo, tem menos a ver com quaisquer mudanças no status da sua banda ainda ativa – por mais rigorosa que possa ter sido a sua permanência – do que com uma abordagem reconfigurada de composição e performance que ela queria explorar. “Eu realmente precisava disso como uma terapia”, disse Williams. “Eu precisava apenas pensar que isso não estava saindo para o mundo para se comparar com o legado com Paramore, para o qual eu contribuí e tentei construir mais da metade da minha vida”.
Com Paramore se tornando uma firme presença em grandes festivais de musica nos anos 2000, Williams se tornou um simbolo do período por sua voz cativante e suas composições contagiantes e de coração aberto. A banda acabou sendo “multiplatina” e ganhou um Grammy, e nessa altura suas apresentações elétricas e penteados – ela agora dirige uma empresa vegan de tintura de cabelo chamada Good Dye Young – já eram tendencia no meio.
Anos de atuação tiveram seu preço no Paramore e levaram a uma pausa um pouco prolongada depois que eles terminaram a turnê de seu álbum de 2017, After Laughter. Williams descobriu que escrever com o seu nome era uma saída mais adequada, tanto para o seu mais novo trabalho quanto para o retorno às suas origens musicais. “Quando eu era adolescente e conheci os caras (companheiros de banda) e começamos a escrever juntos, tudo era tão novo e cru e não tínhamos uma fórmula”, disse ela. “Muitas vezes minhas letras eram apenas poesias que eu escrevia no meu quarto, e eu trazia uma folha de papel para praticar” ela disse.
“Eu me encontrei meio que de volta a essa forma”, continuou Williams.
O resultado, em Petals for Armor, é uma mistura variada de sons e estilos que funde uma soltura serpenteante com acuidade emocional. A letra do álbum lida amplamente com raiva e dor e como processá-las enquanto se avança, e elas derivam do que Williams descreveu como um período prolongado de tumulto pessoal: uma separação em 2017 de seu parceiro de quase uma década, o guitarrista da banda pop-punk New Found Glory, Chad Gilbert, e uma doença que causou a perda de memória de sua querida avó.
“Me senti bem em possuir essas histórias e me desafiei a acreditar em Hayley, a pessoa”, disse Williams. “Não como uma extensão da banda ou deixar Paramore ser minha identidade, mas realmente possuir meus problemas e entender que eu fiz tudo isso. Eu já passei por isso e só preciso colocar pra fora”.
Enquanto ela escreve com alguns de seus colaboradores de longa data, incluindo os membros da Paramore Taylor York, Joey Howard e Zac Farro, “a maior diferença é como eu tenho sido instrumentalmente”, disse Williams. Em alguns lugares, alguns dos arranjos delicados de Petals for Armor usam texturas mais suaves do que os do Paramore, e sua abordagem vocal não é apressada. “Eu realmente não aqueci (a voz) muito enquanto estava gravando isso”, disse ela. “Eu queria ouvir todas as minhas partes vocais, as partes ruins e as partes boas”.
No After Laughter a banda tocou em território fresco, com influências do ‘New Wave dos anos 80’, mas carregou de seus dias de pop-punk um compromisso com vincos afiados. “Não é algo que planejamos”, disse Williams, “mas temos uma forma muito concisa de construir músicas e álbuns, e isso sempre parece certo”. Com seus companheiros de banda tendo estabelecido papéis no processo do Paramore, ela raramente sentiu a necessidade de expandir musicalmente a maneira como ela fez ao escrever Petals for Armor. Björk e Radiohead foram as influências aqui que os Talking Heads e o Blondie foram para o After Laughter. (Williams treinou com um treinador vocal quando ela tinha 21 anos e perdeu a voz: “Eu pirei quando ele me disse que era o treinador da Björk”).
“Eu sinto que relaxo muito no papel que tenho em Paramore”, disse Williams. “E este não era o momento de relaxar”.
A data de lançamento do álbum e o tracklist não mudaram por causa da pandemia, mas Williams continua preocupada com o que isso significará sem uma turnê de verão para seguir. “É sempre um momento tão bonito para minha vida interna colocar [um álbum] para fora e compartilhá-lo como uma conversa cara a cara com as pessoas”, disse ela. Enquanto isso, algumas das músicas mais calmas e sombrias do álbum já foram lançadas nos meses de inverno, enquanto uma parte final do álbum que continua de onde o After Laughter parou foi destinado a um verão mais alegre. “O álbum foi realmente para se abrir”, disse Williams. “Era para florescer”.
Ao longo dos primeiros dias de Williams com Paramore, seu dinamismo como cantora e performer esteve no coração do alcance e apelo da banda, mesmo estando intimamente associado à estética emocional da época. Ela foi capaz de efetivamente carregar sua voz, por exemplo, para uma area mais pop, com Zedd e B.o.B. no início dos anos 10.
Agora que está buscando trabalho solo autônomo, Williams vê nisso uma maneira de começar a esculpir seu próprio futuro musical, assim como o de Paramore. “Eu provavelmente vou escrever sobre algumas das mesmas merdas quando chegar a hora de fazer o próximo álbum do Paramore”, disse ela, “mas eu sei que será diferente. Eu só não sei como.”.
E mesmo que ela tenha se desviado do som e da formula de quando tinha 17 anos, Williams não vê seu trabalho atual como um afastamento muito grande do que ela estava fazendo naquela época. “Eu tenho feito música por dois terços da minha vida agora, mas eu ainda quero fazer coisas legais”, disse ela. “Eu ainda tenho aquela coisa em mim que é muito adolescente, assim, eu só quero que seja muito legal”.
Neste ponto da carreira de Williams, isso significava deixar entrar um pouco de ar em seu processo, mesmo quando ela se voltava para dentro de si. “Dead Horse”, uma canção melancólica sobre um relacionamento sabotado, abre com uma mensagem de voz gravada em seu telefone enquanto a canção estava sendo escrita. “Eu estava muito triste”, Williams lembrou. Ela estava tentando mandar ao seu colaborador Daniel James uma melodia e uma letra para a música. “Levei três dias para fazer isso, e era apenas uma maldita mensagem de voz. Foi só uma gravação no meu banheiro”, disse ela. O cachorro dela, Alf, começou a latir, e ela decidiu deixar aparecer na gravação final: “Ah, cara, nós deveríamos apenas usá-la.”.
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