Em uma entrevista super descontraída para o site Blackbird Spyplane, divulgada na última sexta-feira (04), Hayley Williams abriu o jogo sobre sua relação com a moda e autoconfiança, sua coleção de camisetas vintage, e, de brinde, deu alguns spoilers sobre o novo álbum do Paramore.
A matéria completa e traduzida está disponível abaixo:
Porque se sentir culpada por ser estilosa ao máximo?
Hayley Williams — ela é uma jovem titã do pop com uma voz linda que faz o seu próprio rolê com álbuns solo, mas isso quando não está ocupada liderando o Paramore e fugindo de monstros como se isso fosse NADA!!
Ela também é uma oficial da paz interior, que acumulou 3 milhões de seguidores no Instagram e decidiu sumir porque percebeu que aparições constantes para legiões de estranhos não é nem saudável, nem estiloso, meus amores!!
Hayley é também uma entusiasta oficial de looks, com altos padrões pra moletons (#respeito), que se provou TOTALMENTE DISPOSTA a mandar ver em um RACK (ou três) de camisetas vintage do Talking Heads quando necessário — e arrasar com as botas da marca Row 😮💨
Sem surpresa nenhuma, Hayley acha que o Blackbird Spyplane é massa pra caramba, e a gente pira na energia dela, então um dia desses falamos com ela sobre as novas músicas do Paramore, sobre adotar algumas camisetas da Björk que eram do seu ex-marido contra a sua vontade, e aprender a como se livrar de uma “culpa do punk-rock”, além de aceitar o seu amor por música pop e roupas estilosas.
Blackbird Spyplane: “Hayley, antes que a gente entre no papo de roupas, você está trabalhando em novas músicas com o Paramore agora… Saindo dos últimos álbuns que você fez, eu não tenho ideia do que esperar. Qual é a vibe dessas novas tracks?”
Hayley Williams: “Esse é o ponto. Eu não quero que as pessoas saibam o que esperar, porque nem a gente sabe. É cedo ainda, então tudo que eu posso dizer é que eu estou animada e surpresa. Algumas músicas soam como se nós estivéssemos pegando elas emprestadas de livros antigos, arrancando as páginas, e outras são um terreno totalmente novo pra nós. Mas, claro, eu amo que as pessoas possam escutar os meus dois últimos albuns solo e depois escutarem os dois últimos álbuns da banda, e ficarem ‘mas que p****?'”
Blackbird Spyplane: “Você me mandou foto de dois looks em uma pasta chamada ‘Como Eu Realmente Me Visto’ — e eu achei os looks muito confiantes. Então vamos fazer um checklist rapidinho de onde cada coisa é…”
Hayley Williams: “O robe é da Offhours — eu comprei enquanto estava produzindo o Petals for Armor, em 2019, então eu nem percebi que pijamas e roupas de ficar em casa estariam tão em alta pelos próximos dois anos. A calça de moletom é da Collina Strada — algumas das peças mais fluídas da Hillary não funcionam bem em mim, porque eu sou muito baixinha, mas ela é tão incrível, eu apoio tudo que ela faz. As botas são da The Row—”
Blackbird Spyplane: “Puts, essa marca é ótima…”
Hayley Williams: “Sim, essas botas foram um dos meus momentos ‘ah, foda-se, vou comprar’. Eu estava tão animada quando comprei, que senti zero culpa por isso. Meu pé simplesmente deslizou pra dentro delas pela primeira vez e eu fiquei tipo ‘é, é por isso que eles estão cheios da grana’.
Blackbird Spyplane: “Mas falando sério, existem marcas que cobram tanto quanto a Row, porém o trabalho não chega nem perto. E falando sobre high-low, o suéter da Nike que você está usando com elas ficou excelente — bom caimento no ombro, tem uma gola um pouco alta, e as mangas tem volume, é o máximo que você pode chegar de vestir um círculo e chamar isso de blusão. Você usaria esse tipo de roupa ao vivo, ou você precisa colocar um limite entre o que você usa nos palcos e fora dos palcos?”
Hayley Williams: “Quando eu estou no palco, eu prefiro usar só uma camiseta e qualquer sapato que eu esteja afim na hora. Eu ainda estou meio que tentando entender, mas eu sei que, tipo, essa é a forma como eu gosto de me apresentar, e isso (que eu estou vestindo agora) é só pra mim, quando eu estou fazendo coisas fora de casa ou então visitando um amigo.”
Blackbird Spyplane: “Falando sobre as coisas que você usa quando está no palco, você mandou fotos de um bando de camisetas. Camisetas de banda são animais — quando eu saio procurando pelas camisetas que eu fui juntando ao longo dos anos, é como reencontrar pedaços de mim que eu tinha esquecido. Existem tantas memórias imersas nelas, que pode ser verdade pra qualquer peça de roupa que eu tenha, mas tem alguma coisa especial sobre camisetas de banda, por conta do quão profundamente a música é parte do nosso senso de quem nós somos…”
Hayley Williams: “100%. Eu sou levada no tempo por todas (essas camisetas) — e é por isso que eu gosto de comprar coisas vintage, porque eu amo coisas com uma história por trás. Eu não gosto quando as coisas parecem novas em folha. Tipo, eu ganhei de presente uns sapatos da Gucci numa sessão de fotos e eu usei eles por todos os lados, porque eu não acredito em quando dizer que algumas coisas são tão preciosas que você não pode usar elas.”
Blackbird Spyplane: “Eu tô contigo nessa, eu acho que você precisa amar muito uma peça pra realmente usar ela, e se você derramar um pouco de molho aqui e ali, você só manda ‘caralho, eu tô só vivendo a minha vida’. Mas enfim, então essa é só uma pequena fração da sua coleção de camisetas?”
Hayley Williams: “Isso, eu tenho outras caixas de camisetas, mas essas são as que eu levo pra todos os lados na minha mala de mão, porque eu me refuso a despachar elas. Elas estão sempre comigo. Especialmente as do The Talking Heads.”
Blackbird Spyplane: “O que essas peças significam pra você?”
Hayley Williams: “As do The Talking Heads, e as do B-52 também, eu consegui elas durante a era do After Laughter, porque eu me enfiava naquelas lojas de discos. A camiseta da Björk é uma das minhas favoritas também. É a melhor de todas, fica linda com qualquer coisa—”
Blackbird Spyplane: “Essa, pra mim, talvez seja a mais incrível de todas. Como você conseguiu ela?”
Hayley Williams: “Era do meu ex-marido. E eu realmente não acredito em manter conexões com partes antigas da minha vida, mas essa tinha que vir comigo. De qualquer forma, ela já estava na minha mala por boa parte do nosso relacionamento. Eu já tinha adotado ela. Talvez forcadamente.”
Blackbird Spyplane: “Eu estou surpreso que não existou uma briga pela custódia dela. E eu nem consigo imaginar o quanto ela custa agora. O mercado pra camisetas antigas ficou maluco — qual foi o valor mais alto que você pagou por uma das suas camisetas?”
Hayley Williams: “Eu gastei $1,000 de dólares em uma do Talking Heads — o modelo True Stories. A outra foi cara pra caramba, também, e eu tenho mais outra com uma arte do Remain in Light, que eu coprei durante a turnê do After Laughter porque eu estava usando as outras duas tantas vezes, suando todas as noites, que eu pensei ‘eu vou destruir elas’. Então eu comprei mais. Eu comprei a primeira num lugar em West Hollywood onde eu acho que Kanye (West) e várias outras pessoas vão? O cara da loja encontrou a minha camiseta da Runways, também, e eu não consigo lembrar exatamente qual foi o valor, mas também foi um valor um pouco vergonhoso.”
Blackbird Spyplane: “Alguém talvez trate elas como uma peça de museu…”
Hayley Williams: “É, isso dá outra história a elas. E é isso que eu amo sobre o que é vintage — a peça vem pra você com uma história, e depois continua a criar histórias com você.”
Blackbird Spyplane: “Você cantou em show da Collina Strada alguns anos atrás, e você arrasa com as roupas da marca — você gosta de designers contemporâneos além disso, ou você prefere coisas vintage?”
Hayley Williams: “Não, eu curto coisas de outros designers mais novos, também. Mas a verdade é que, quando eu era mais nova não existia essa ênfase na moda: na cena que o Paramore surgiu, a última coisa que você queria falar era sobre coisas que eram caras e luxuosas. Nós morávamos em uma van, meu pai nos levava por aí, e a credibilidade importava muito (o que significava comprar muita roupa barata em brechós). Na realidade, só de ser uma mulher naquela cena, eu já ficava, tipo ‘como eu me diminuo?’, porque tinha muita merda internalizada que eu estava absorvendo do que nos rodeava.”
Blackbird Spyplane: “Você quer dizer que não queria chamar atenção?”
Hayley Williams: “É, por ser uma menina de 15-16 anos em uma banda que cresceu idolatrando bandas menores, bandas de punk e de som mais pesado. Tipo, Deftones foi uma das bandas que nós mais gostávamos, e a maioria dos shows que nós fomos, tinham uns shows que eram pra todas as idades, e foi de lá que eu tirei a minha inspiração: eu estava em um show do mewithoutYou — eles eram e ainda são uma das minhas bandas favoritas — e ninguém sabe o que o Aaron estava usando no palco, mas ele parecia uma lata de lixo!”
Blackbird Spyplane: “Um salve pro rei…”
Hayley Williams: “Então como uma garotinha nesse mundo de caras mal-humorados, a última coisa que eu ia fazer era demonstrar meu amor por moda ou música pop. E claro que hoje eu digo pra mim mesma ‘ah, se você soubesse que podia ter sido o quão chamativa e confiante quisesse’. Eu não acho que os jovens de hoje são tão inibidos da forma como eu era.
“Ao ficar mais velha e ter sucesso, minha opções aumentaram, especialmente quando eu deixei de lado essa ‘culpa punk-rock’. Se eu comprar uma peça de um designer famoso, eu não tenho mais vergonha. E provavelmente vai ser usada mesmo.”
Blackbird Spyplane: “Por último, você me contou que essa jaqueta da YSL (Yves Saint Laurent) é a sua melhor peça vintage. Ela é animal — pedaços de couro em triângulo costurados com uma gola forrada e punhos ajustáveis?? Qual a história?”
Hayley Williams: “Eu comprei essa jaqueta em Dublin no primeiro dia da turnê do After Laughter. Nosso bateria, Zac, é o cara que sai conhecendo todo mundo em todas as cidades, organizando rolês, e ele acabou ficando um turno em uma loja vintage chamda Tola, que o nosso amigo Ayuba é dono. Depois do show, Ayuba disse ‘venham visitar o nosso estoque, ver o que vocês gostam,’ e naquela época nós estávamos super afim de Talking Heads, então estávamos usando várias coisas antigas da década de 70 e 80 — então eu encontrei esse casaco da YSL e Ayuba não quis vender pra mim.
“Ele disse, ‘eu quero dar essa peça pra minha filha.’ E eu fiquei tipo, ‘qual a idade dela?’, e ele disse ‘ela ainda não nasceu’. Então eu falei pra ele, ‘por favor me deixe comprar, e eu prometo que eu vou dar ela pra sua filha quando ela tiver idade o suficiente'”.
Paramore Brasil | Informação em primeira mão
Facebook | Instagram | Twitter | YouTube | Fórum