Maio é o mês de Conscientização Nacional à Saúde Mental nos Estados Unidos. Esta campanha é organizada desde 1949 pela organização Mental Health America, juntamente com diversos afiliados no país inteiro. Seu objetivo é chamar atenção de todos para a importância da saúde mental, através de eventos, da imprensa e anúncios. Dentro desse contexto, o site The Odyssey Online publicou uma matéria para falar da relevância do Paramore para a campanha de conscientização.

Confira abaixo a matéria traduzida na íntegra:

A RELEVÂNCIA DO PARAMORE PARA O MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO À SAÚDE MENTAL
Por que você precisa ouvir o novo álbum do trio pop-rock

O ativismo tem se tornado bastante complicado em suas conotações; desde bloquear rodovias até gritar versos da Bíblia nas esquinas, muitos presumem que “ativismo” tem sempre que ser sinônimo de táticas pesadas e extremas. Para algumas pessoas pode parecer que para exigir mudanças é necessário um grande grupo de pessoas com cartazes e placas, prontas para se lançarem sobre as massas que exigem mudanças e reformas.

Ao longo deste ano, pudemos acompanhar exemplos bem executados de ativismo, incluindo a Marcha das Mulheres e a Marcha para a Ciência. A quantidade de discursos sociopolíticos saudáveis que eles produziram e continuam criando é fantástica e muito necessária, considerando nosso clima político atual. Dito isso, nem todo ativismo acontece na forma de marcha: entra o quinto e mais recente álbum do Paramore, ‘After Laughter’.

Lançado no dia 12 de maio, ‘After Laughter’ chega quase na metade do mês de Conscientização à Saúde Mental. Enquanto alguns fãs parecem estar apreensivos em aceitar o novo estilo pop anos 80 da banda, o álbum foi aclamado pela crítica, com a Rolling Stone, Pitchfork e Sputnikmusic elogiando suas melodias cativantes e ritmos dançantes. Mas ao escutar o álbum com mais atenção, a verdadeira estrela do show aparece: o conteúdo lírico honesto e aberto de Hayley Williams e Taylor York.

O contraste entre a narração melancólica, aparentemente derrotada, com a produção synthpop animada, é evidente desde o começo. A batida dançante e as doces guitarras da faixa de abertura ‘Hard Times’ são interrompidas por Williams implorando desesperadamente que “tudo que [ela] quer é acordar bem / diga [a ela] que vai ficar tudo bem / que [ela] não vai morrer”. Logo de cara, o público é atingido por nada menos que uma afirmação honesta que corta o tom aparentemente feliz do álbum.

Foi a partir desse momento que eu pude compreender: Hayley Williams está usando sua plataforma musical para explicar suas lutas pessoais contra a depressão, e se recusa a pedir desculpas por isso.

Esse momento lírico foi citado na entrevista da banda com Zane Lowe, da Beats 1, com a resposta de Williams mantendo-se alinhada à honestidade iminente do álbum. Quando questionada se ela lutava contra a depressão, isso é o que ele teve a dizer: “Agora? Sim. Três anos atrás? Não… Eu não sei o que aconteceu, mas agora? Sim, com certeza… Eu acho que isso me fez ter empatia por amigos que lutam contra isso.” Mais adiante em sua resposta, ela menciona a dificuldade de verbalizar a montanha-russa emocional disso tudo. Felizmente, para todos interessados em saber como a depressão realmente é, o álbum oferece letras fortes e sem remorso, capturando perfeitamente a batalha interna que pode se tornar a luta contra uma doença mental.

A segunda faixa, ‘Rose-Colored Boy’, vê Hayley confrontando um personagem facilmente reconhecido por aqueles que também lidam com problemas de saúde mental: o pungente otimista insistente que não consegue compreender um narrador que sofre com a depressão. A música é amparada pelo canto “discreto / sem pressão / apenas passe um tempo comigo e com o meu humor”, e conta com um dos versos mais harmoniosos do disco, com a letra “você diz que meus olhos estão ficando muito escuros agora / mas menino, você nunca viu a minha mente.” Hayley não só canta sobre sua luta contra a doença mental, ela também encoraja os antagonistas (e indiretamente, o público) a enxergarem as coisas do seu ponto de vista, e reconhecer a batalha real, porém ainda muito ignorada, da depressão. Até o refrão reconhece que existem muitas pessoas que estão na mesma situação mental que ela, exclamando ao otimista que “nós não conseguimos ser iguais a você.” Essa é somente a segunda faixa e a honestidade isenta de culpa para abordar a doença mental está constantemente presente.

Dentre as outras músicas do álbum, ’26’, ‘Caught In the Middle’ e ‘Tell Me How’ são as mais explícitas com seu tom voltado à saúde mental. Mas, potencialmente, a minha favorita desses cortes profundos é ‘Fake Happy’, um hino electro-pop que encoraja os ouvintes a jogar fora seu exterior alegre e feliz e reconhecer que as pessoas constantemente simulam a felicidade apenas para conseguir sobreviver. Claro, a vida é bem mais fácil quando nós fingimos que nada está errado, porém nada pode ser mais emocionalmente penoso e, consequentemente, mais perigoso, do que não ser sincero sobre seu estado mental. “Eu sei que eu disse que eu estava bem e que eu estava feliz agora / Eu deveria saber que quando as coisas vão bem, é aí que eu sou derrubada.” A observação de Hayley é perfeita: a vida não é uma progressão exponencialmente estável. A vida vai te atrapalhar, vai causar turbilhões emocionais e até mesmo te conduzir a lutar contra problemas de saúde mental. Porém, ao mesmo tempo, aqui está ela, cantando sobre aquela mesma dor, provando que mesmo se você está sofrendo mais do que tudo, a vida ainda pode ser mantida. Independente das nuvens de tempestades mentais e os danos do passado, sempre é possível encontrar esperança e ajuda.

O novo álbum do Paramore se encaixa perfeitamente no Mês de Conscientização Nacional à Saúde Mental; o álbum é um exemplo pop-rock de ativismo. Embora não esteja gritando em uma esquina, líricamente o trio pede por um mundo que tenha empatia e compreenda aqueles que lutam contra a depressão. Se você ainda não ouviu o álbum, eu recomendo instensamente que você o escute. Além de ser uma obra excepcional, a sua mensagem é perfeita para este mês, cujo foco são as pessoas que lutam contra doenças mentais. E para aqueles que estão batalhando, eu incluído, espero que você se sinta tão encorajado pelo trabalho da banda quanto eu.

Esta não é a primeira vez que a banda fica em evidência no cenário de combate às doenças mentais. Em 2014, Hayley Williams participou da campanha ‘Suicide Sign’, durante o Alternative Press Awards. Além de apoiarem movimentos que dão suporte a pessoas com depressão, como o To Write Love On Her Arms, desde o início da carreira.

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