Antes do novo álbum do trio, em fevereiro, a NME explora o porque dos fãs pretos da música abraçarem o som inclusivo e universal do Paramore e da vocalista Hayley Williams.

Confira a tradução completa da matéria da NME, feita por Laís Moura – Equipe Paramore Brasil:

Alguma estrela do rock tem o índice de aprovação, consideravelmente alto, como Hayley  Williams do Paramore? A vocalista não só desfrutou de uma carreira livre de controvérsias, um feito mais difícil do que você imagina, mas sua influência com uma força lúdica, criativa e imperdível está soando mais alto do que nunca em todas as comunidades, particularmente entre os fãs pretos da música.

Houveram inúmeras reflexões sobre esse tópico desde a peça de Clarissa Brooks, em 2018, “Why Black People Love Paramore”, enquanto nos últimos meses memes comparando Williams ao rapper viral americano Ice Spice e clipes do TikTok destacando os movimentos de dança da cantora no palco chamaram a atenção das redes sociais. Segundo Ronnica, da banda alternativa em ascensão de Boston, Mint Green: “Paramore é mais do que uma banda: eles são um movimento”

Todo mundo tem uma fase emo – ser adolescente é uma montanha-russa emocional demais para  não ter uma – e para os adolescentes pretos que podem não ter uma afinidade tão forte com os gêneros estereotipados atribuídos à comunidade preta (rap, R&B, jazz) o desejo de ouvir uma guitarra pesada pode parecer o equivalente a condenar sua própria cultura. Entretanto, em contraste com o emo da tendência gótica e das bandas de rock pesado que ocuparam as cena no surgimento do Paramore, em meados dos anos 2000, a estética adolescente de coração puro e sincero da banda parecia totalmente identificável e rapidamente ganhou confiança de muitos fãs pretos.

Shama Nasinde, jornalista erradicada em Essex, diz que sua formação musical foi ampliada ao ir contra os estereótipo. “Crescendo nos subúrbios, você acaba sendo exposto e apreciando todos os gêneros”, ela disse à NME. “As estrelas hoje em dia não entregam consistentemente como Williams faz vocalmente. Quando eu estava no 7° ano assistindo ao canal de música e ( o single inovador do Paramore em 2007) ‘Misery Business’ começou a tocar, e obviamente foi um sucesso”.

A música surgiu como uma fatia de justiça social que atingiu um acorde por toda parte: afinal, quem não gostaria de enfiá-la em seu inimigo. Seu confronto de conteúdos, no entanto, subsequentemente o autoconsciente de Williams desconfortável (” ‘Misery Business’ não é um conjunto de letras com as quais me identifico como uma mulher de 26 anos” ela admitiu) e a música foi retirada da setlist da banda em 2018 antes de retornar no início deste ano.

Tendo a curiosidade despertada pelo LP de 2007 da banda ‘Riot!’ os fãs pretos do Paramore rapidamente se agarraram à esperança que poderia ser encontrada nas letras universais de Williams sobre justiça e redenção. ‘Brand New Eyes’ de 2009 apresentava frases sinceras e poéticas que pareciam sermões divertidos para seus ouvintes refletirem sobre si mesmos. “Certifique-se de construir seu coração tijolo por tijolo chato, ou o lobo vai derrubá-lo”, alertou Williams em ‘Brick By Boring Brick’.

De Los Angeles, a criativa apresentadora do podcast Black People Love Paramore, Sequoia Holmes, é uma ávida fã do Paramore. “As Letras do Paramore costumam ser vulneráveis e triunfantes; umas história de azarão” explica ela. “Como alguém que muitas vezes se sente desvalorizado, posso me identificar com grande parte de sua música.” É um sentimento que Ronnica concorda veementemente, comparando a banda a “uma religião”. Embora sua música seja “tão angustiante e raivosa quanto a próxima banda punk” , Ronnica dis que o “revigorante senso de esperança em sua letras” e a abordagem inovadora são as principais razões pelas quais a banda atraiu uma base de fãs tão diversa.

“Outras bandas da época diziam: ‘Eu odeio minha mãe e odeio os subúrbios!’ (Embora esse sentimento) possa durar um tempo, no finao do dia não é (universalmente) identificável” acrescenta ela. “Enquanto o Paramore está falando sobre a esperança e como superar tempos sombrios: como uma mulher negra a esperança é muito importante (para mim) e me ajuda a superar as coisas.”.

A influência do Paramore também transcedeu a música da guitarra, com PinkPantheress e Lil Uzi Vert citando seu amor pela banda. Enquanto o convite desse último para colaborar foi recusado por Williams (“Eu escrevi para ele no Instagram, ‘Amigo, eu te amo tanto, mas não quero ser tão famoso'”, PinkPantheress- que sampleou “Never Let This Go’ em sua colaboração viral com WILLOW ‘Where You Are’ – juntou-se à banda no palco do Austin City Limits em outubro para tocar ‘Misery Business’.

Falando à NME no ano passado, a artista Bath lembrou ter visto o Paramore ao vivo no Reading Festival e saudou a “incrível” Williams como “um dos meus favoritos neste jogo”. Ela acrescentou: “Eu nunca vi alguém se divertir tanto no palco e parecer tão sem esforço ao fazê-lo. Eu estava com tanto ciúme dela.”.

Perguntado o porque de Williams ter um apelo tão amplo, Nasinde diz: “Ela faz uma música tão boa que atravessa todas as barreiras culturais. Hayley Williams é especialmente amada no hip-hop porque nós realmente respeitamos um bom vocalista. As influências gospel em sua performance [vocal] também a ajudam, pois encoraja muitas pessoas que realmente não ouviram bandas como Paramore a expandir sua paleta.”.

Williams também foi destacada por alguns fãs pretos como uma aliada que não teve vergonha de defender a igualdade no passado. Um TikTok viral recente sobre Williams usou o áudio de uma entrevista de rádio de 2013, na qual ela respondeu à performance de Miley Cyrus no VMA, que foi criticada por objetificação e apropriação cultural. Discutindo o momento em que Cyrus mexeu com Robin Thicke durante a apresentação, Williams disse que estava “desconfortável com o aspecto racial disso… havia mulheres pretas no palco e elas pareciam mais acessórios do que qualquer outra coisa.”.

Os fãs pretos de rock e música alternativa foram válidos por se sentirem diferentes da apresentação, então ver um dos maiores nomes do pop-punk abertamente defendendo eles e sua comunidade parecia uma jogada incomumente ousada na época. “O verdadeiro significado real do punk”, diz Ronnica agora dos comentários de Williams sobre Cyrus. “Acho que Williams sempre defendeu a mensagem de aceitação e antissistema de tudo isso.”.

Apesar do aumento da representação, ser preto, alternativo e expressivo ainda não foi totalmente normalizado nas comunidades pretas. Mas a comunidade de fãs negros do Paramore que cresceu ao longo dos anos deu validação a Holmes: “A comunidade de pretos que se reúnem em torno de sua afinidade com o Paramore e Hayley Williams é o que me faz sentir visto”.

Nasinde acredita que o poder da banda de permitir que seus fãs sejam eles mesmos é a prova mais verdadeira de suas proezas musicais: “Embora eu esteja muito ciente de que a comunidade preta ama o Paramore, meu interesse e conexão com sua música começaram antes de eu conhecer outras pessoas em minha comunidade que os amava tanto quanto eu. Por essa razão, eu realmente vejo o Paramore como uma banda que faz boa música. Não tem relação com a minha negritude, para ser completamente honesto.”

Esse amor compartilhado por Paramore e Williams se resume em sua mensagem abrangente de esperança e aceitação. Ao ser capaz de comunicar uma mensagem tão poderosa com uma mistura de seus vocais sem esforço e valores pessoais, a abordagem universal e inclusiva que Williams e sua banda adotaram para criar música é celebrada por todas as culturas e raças. Seja por acidente ou projeto, o Paramore criou um espaço seguro para todos – especialmente os pretos – se juntarem à diversão.

 

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