Hayley Williams compareceu virtualmente a mais uma entrevista, dessa vez para o podcast 1A, do grupo NPR. A cantora falou sobre o Paramore, carreira solo, sua vida durante a pandemia e seu novo single.
Além disso, ela também respondeu algumas perguntas feitas pelos fãs no Twitter!
Você pode ouvir o áudio original clicando AQUI.
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“Tentamos matar o Paramore várias vezes, mas ele não morre. Somos como uma barata. Não conseguimos ir embora”, ela disse. “Nós queríamos parar enquanto estivéssemos no topo. Enquanto eu escrevia no nosso tempo livre, percebi que eu estava escrevendo mais do que um diário. Parecia certo ter essas histórias.”.
“Se você tivesse dito para o meu eu de 19 anos, que eu um dia falaria sobre isso ao vivo numa rádio, eu teria saído de perto e fugido pela janela. Eu tenho ótimos feedbacks. As pessoas me oferecem partes delas e eu ofereço as minhas”. Hayley disse, a respeito de seu novo single e do retorno dos fãs. Apesar de seu primeiro trabalho solo receber críticas positivas, ela não pensa em fazer um outro álbum. “Não há planos para um futuro material solo. Esta é uma linda pedra preciosa da coroa que o Paramore criou.”.
Fonte: Paramore-Music
Confira as perguntas e respostas trocadas na entrevista:
1A: É muito bom ter você conosco. Então, como você provavelmente já sabe, eu estava referenciando sua entrevista para a Radio.com em 2014, quando você disse que a banda Paramore sempre seria sua prioridade, o que a influenciou na decisão de sair em um solo agora?
Hayley Williams: Nós decidimos, enquanto estávamos lançando nosso último álbum After Laughter, que precisávamos de algum tempo. Nós tocamos música juntos desde os 12 ou 13 anos de idade, nós temos todos 30 agora, então parecia certo, nós meio que queríamos parar enquanto estávamos na frente. E quando eu comecei a escrever durante essa pausa, eu meio que percebi que eu estava escrevendo mais do que o normal, eu estava criando algo e realmente era uma forma de terapia para mim, quero dizer, escrever sempre foi (uma forma de terapia), mas desta vez me pareceu realmente… necessário para me recuperar, e eu não queria colocar esse peso nos meninos, sabe, parecia certo ser dona dessas histórias, e apenas apresentá-las como um momento da minha vida, sabe, que eu certamente vou passar, mas estou aprendendo muito e acho que estou pronta, acho que não prefiro isso no Paramore, de forma alguma, mas estou pronta para me desafiar para isso.
1A: Houve algo que te fez dizer: “Eu preciso de mais tempo para refletir, para pensar, para fazer algo meu”?
Hayley Williams: Sim. Na verdade, eu já devia saber disso há anos, mas fui diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático no final de 2018, e foi quando saímos da estrada do After Laughter, e já havíamos decidido fazer uma pausa e sair como amigos… você sabe, apenas tentarmos encontrar nossas identidades fora da banda. E isso acabou como uma espécie de terapia de tratamento, nosso retiro que durou cerca de 4 dias, que foi onde fui diagnosticada com estresse pós-traumático e acabei de perceber que precisava trabalhar muito mais em mim do que eu pensava. Sinto que estou bastante consciente de mim mesma, mas depois de me divorciar há alguns anos e passar por uma grande reforma na minha vida, estava na hora de diminuir a velocidade e entender realmente pelo que passei e como isso me impactou. Parte da terapia era apenas para criar, e para escrever e lançar, então sim, parecia que este era o único momento para fazer isso.1A: Hayley, a primeira palavra desta música “Simmer”, é “Raiva”. É um lugar interessante para se começar. Por que você começou por ele?
Hayley Williams: Eu acho que a raiva é uma emoção muito fácil e acessível. Acho que muitas vezes ela encobre coisas que são mais difíceis de alcançar, e para mim a totalidade deste disco eu acho que é apenas eu cavando arquivos antigos sobre mim mesma, você sabe, tentando entender diferentes traumas que podem ser coisas geradas na minha família, e especificamente o que as mulheres da minha família passaram e como isso impactou minhas escolhas na vida. Quero dizer, no Paramore nós estávamos sempre escrevendo sobre pensamentos que eram muito pessoais e, você sabe, confusos ou frustrantes, mas à medida que eu envelheci, acho que aprender novas maneiras de expressar raiva tem sido útil para mim, e também entender o que minha raiva está realmente me dizendo, e o que está apontando, isso tem sido realmente crucial para a minha cura. E a raiva foi o começo de tudo isso para mim, essa jornada que eu fiz para fazer esse álbum e experimentar algumas emoções que eu tranquei talvez no porão da minha psique, eu realmente precisava começar aqui. E eu também encontrei muito mais diversão em apresentar desta maneira, porque permitiu um pouco mais de mística no topo da apresentação deste álbum para as pessoas, a maneira que eu fui capaz de fazer este vídeo e ter as coisas um pouco sombrias e envoltas em mistério. Tudo isso meio que funcionou, mas essa foi uma das primeiras músicas que terminei para o álbum e acho que foi porque a raiva estava no topo do poço de todos os meus sentimentos.1A: Você fala sobre cavar arquivos antigos da sua vida, e eu acho que todos nós, conforme envelhecemos, entendemos as coisas do passado de diferentes, e novas maneiras. Há uma enorme diferença entre uma pessoa de 15 anos, quando você começou em Paramore, e alguém de lá no início dos anos 30, como você acha que evoluiu como artista e como compositora ao longo destes anos?
Hayley Williams: Eu me sinto… mais disposta a falar sobre as coisas que eu tinha escondido, sabe. Há algumas músicas neste disco que foram muito, muito difíceis de decidir lançar. Uma saiu ontem, se chama ‘Dead Horse’, e é meio que… cara, ela realmente descreve a vergonha que eu vivi durante uma boa década da minha vida, que foi tudo sobre um caso que eu tive quando adolescente com alguém que era casado, e esse foi o primeiro grande erro que eu cometi na minha vida. Se você tivesse me dito aos 19 anos que um dia eu estaria falando sobre isso em um programa de rádio ao vivo, eu teria vomitado e pulado pela janela. Mas, isso parece necessário ao meu crescimento pessoal. Como eu disse antes, tudo que eu já escrevi para o Paramore… de alguma forma, sempre foi autobiográfico e bastante transparente, mas eu acho que minha capacidade e a coragem que eu sinto para ser cada vez mais transparente é apenas diferente do que era antes, e eu estou disposta a assumir as coisas que me prendiam antes. E talvez oferecer isso em uma canção seja, não apenas uma maneira de eu tirar do meu sistema, mas, esperançosamente, chegar a outras pessoas que também carregam alguma vergonha, me ajuda a me sentir menos só.1A: Eu quero voltar a essa música. Acredito que a li que era sobre o seu divórcio, que você acabou de mencionar. Foi difícil escreve-lá?
Hayley Williams: Ah, sim, foi muito difícil escrever. Na verdade, foi um dos mais difíceis de eu entender, porque eu não percebi que nunca iria estar disposta a falar sobre essas coisas. Mas eu também estava com medo da sonoridade dela. Muitas das influências de ‘Dead Horse’ é similar às influências do Paramore, ou tiradas do After Laughter, então de muitas maneiras estava voltando a tomar forma para mim. Mas para este projeto e as músicas que eu escrevi antes de ‘Dead Horse’ parecia uma mudança muito brusca. E foi muito, quero dizer, eu diria que a maneira mais simples de dizer isso, é muito mais “pop” do que ‘Simmer’ ou ‘Leave it Alone’, que saíram um mês ou dois meses antes. Eu estava nervosa com tudo isso. Estava nervosa para divulgar a história. estava nervosa das pessoas pensarem “Oh, aqui ela está colocando a ‘hollaback girl’ dela para fora”
Você sabe, tipo, eu não, eu acho que passei tanto tempo dizendo a mim mesmo que nunca iria fazer nada sozinha, que quando finalmente chegou a hora de fazer isso e eu senti bem no meu estômago, qualquer coisa que aconteceu, qualquer sentimento novo ou qualquer sacudida que eu tive do processo de escrita foi apenas um território novo para mim, e é assustador.
Mas eu estou feliz por ter feito isso. Eu não me arrependo agora que está feito.1A: Sim. Eu me pergunto como tem sido essa transição, em geral, para estar no estúdio sozinha, escrevendo sozinha. É diferente do que você estava acostumada?
Hayley Williams: Bem, eu quero que fique claro que este é um álbum solo e meus amigos, meus companheiros de banda foram realmente encorajadores e meio que me empurraram para isso, onde eu posso tipicamente sentir muita dúvida de mim mesmo e sentir um pouco de culpa por tentar possuir qualquer coisa completamente. Eu eu não sinto como se eu operasse na minha melhor capacidade quando estou sozinha. Eu gosto de colaboração. Então, mesmo que o álbum diga Hayley Williams na capa, eu consegui fazê-lo com a maioria dos meus amigos mais próximos, incluindo alguns dos meus companheiros de banda, Taylor, que tem sido meu principal parceiro de composição desde os meus 12 ou 13 anos de idade. Ele produziu este álbum para mim, e ele estava realmente assustado em assumir este projeto porque ele só co-produziu os dois últimos discos, ele não, ele nunca tinha tido a experiência de ser o cara no comando, sozinho. Mas o processo de composição foi realmente colaborativo, e eu acho que a única diferença para mim foi que eu meio que, em vez de estar no comando de muitas das músicas, o que basicamente significa que eu, com paramore, muitas vezes estou escrevendo para música que está, ou terminada ou está perto de ser terminada. É como The Smiths fizeram e eu sempre gostei muito disso. Mas Petals for Armor, muitas das músicas foram começadas só comigo, sabe, ou na bateria ou em uma base, ou mesmo só com a boca, tipo, ‘Simmer’ só de sons e respiração e beatboxing, coisas que eu nunca teria pensado que teria feito. Então, isso me ajudou a encontrar uma parte mais musical de mim mesma. Eu tive que tocar mais instrumentos do que o normal. Com Paramore, eu não sinto a necessidade para fazer isso tanto porque eu estou em uma banda com músicos muito talentosos e eu consigo a vontade e posso realmente ir longe com as minhas partes vocais. Mas acho que até no After
Laughter, eu nunca me interessei tanto em criar sons, ou fazer coisas em um sintetizador ou o que quer que seja. Mas… este projeto foi muito legal para mim aprender coisas novas que eu nunca me dei ao trabalho de aprender antes.1A: Hayley, estávamos falando há um minuto atrás sobre ‘Dead Horse’, a música que você escreveu sobre o seu divórcio, você falou um pouco sobre como era difícil escrever. E eu quero ler um comentário de uma de nossas ouvintes, Gracie, que nos mandou um e-mail para agradecer pela letra atenciosa e inclusiva. “É uma loucura perceber que todas nós estamos enfrentando as mesmas batalhas.” Você ouve muito mensagens como essa de seus fãs?
Hayley Williams: Oh, felizmente, sim. A internet pode ser tão divisiva, mas acho que, na maioria das vezes, eu consigo. É realmente incrível o feedback das pessoas e é muito transparente, pessoas oferecendo partes de si mesmas, porque eu ofereci uma parte de mim mesmo e essa é realmente a troca que eu quero. É isso que eu adoro na música em geral.
Assim como fã, eu adoro ouvir histórias. E agora compartilhando histórias, só espero uma oportunidade das outras pessoas para compartilharem de volta. E sim, eu vejo comentários como esse quase diariamente, depende do quanto eu quero entrar na minha seção de comentários, que às vezes pode ser um pouco tumultuada.
1A: Outra ouvinte, Sierra, tuitou “Como você equilibra estar vulnerável ao mesmo tempo em que mantém sua vida privada, privada?” E eu também me pergunto sobre isso, parece que de certa forma em nossa cultura, especialmente quando se trata de coisas como música, há quase um valor sobre vulnerabilidade, como se você tivesse se vendendo.
O quão natural é isso para você versus quanto você está se vendendo? Porque é isso que os compositores têm que fazer.
Hayley Williams: Essa é uma pergunta muito boa. No Paramore, começamos a fazer turnês e lançar músicas no que parecia o começo do que agora conhecemos como a internet.
Obviamente as pessoas estavam entrando nos sites e fóruns e outras coisas antes do Paramore se formar, mas quando estávamos lá no MySpace e estávamos colocando nossa música em volume puro e nós estávamos meio que conhecendo pessoas, só nesse espaço virtual. Eu nunca vou esquecer de receber uma das nossas primeiras mensagens do MySpace do Brasil, e depois outra da Austrália e pensando, como essas pessoas tinham a nossa música?
Ainda era tão novo para nós que alguém teria acesso a nós de tão longe. E de muitas maneiras, sim, nós pudemos crescer experimentando o crescimento das mídias sociais junto conosco. Porém nunca pareceu rápido demais. Quero dizer, eu acho que agora as coisas crescem a tal ritmo, que é meio difícil de acompanhar, mas, você sabe, nós estávamos a frente de cada nova plataforma social e nós estávamos tentando oferecer conexão ou acessibilidade à nossa música de uma forma ou de outra. E você está certa, como agora em 2020 isso é uma moeda e há dias que me sinto muito enojada por isso, e me sinto explorada e também sinto como se eu estivesse me explorando.
Muitas vezes reflito sobre o que parece certo, o que parece errado, e sobre onde está o limite. Às vezes esse limite não é tão claro. Outros dias, é muito, sinto que extrapolei e tuíto “Vou fazer uma pausa” e logo depois apago meus aplicativos para eu não voltar 5 minutos depois com alguém me xingando.1A: Uma coisa você fez durante essa pandemia, para talvez tentar animar as pessoas, os dias dos seus fãs um pouco, foi fazer um vídeo de exercício, que conta com uma música do seu álbum e o título meio que soa como uma referência a uma pergunta que temos feito para nós mesmos nesse momento. É chamada “Over Yet”. O vídeo é principalmente de dança e a música é definitivamente dançante. Hayley Williams, o que estimulou a decisão de fazer esse vídeo?
Hayley Williams: Eu me inspirei em… ah, cara. O que estamos passando agora é tão estranho, porque eu escrevi essa música com alguns amigos um ano atrás, e quando eu percebi o que a letra era, pareceu tão positiva que eu meio que desanimei. E o único jeito que eu consegui terminar foi criando uma fantasia elaborada na minha cabeça como uma instrutora de exercícios aeróbicos de uma sociedade distópica, tipo uma situação pós apocalíptica. E, sabe, eu era super positiva. Aí no meio da música minha pele cai e eu sou um robô. Esse é o tipo de humor sombrio que fez parte da criação dessa música e para tentar me manter motivada para continuar. Quando isso tudo aconteceu eu pensei, por que a gente só não faz isso? Por que não só se exercitar juntos? E eu estava fazendo uma piada comigo mesma, mas é bem legal ver que as pessoas realmente gostaram do vídeo.
1A: Então você começou a escrever essa música bem antes da pandemia?
Hayley Williams: Ah, sim. Eu comecei a escrever Petals for Armor no começo de 2019.
1A: Mas eu digo a música Over Yet, pois isso é o que estamos nos perguntando. Certo? Isso acabou já? Quando que isso vai acabar? Parece bastante adequado.Hayley Williams: Sim, a música é estranhamente profética nesse sentido. Eu acho que várias músicas são, até músicas escritas por outros artistas que eu realmente amo. Tipo, nossa, eles sabiam que isso ia acontecer?
1A: Você ficou desapontada que essa situação aconteceu no meio do período de divulgação do álbum e enquanto você se preparava para sair em turnê? Ou você acha que lançar o álbum nesse momento é importante, pois dá esperança e alguma expectativa para os fãs?
Hayley Williams: Ah, eu sinto as duas coisas. E cada dia é um pouco diferente. Eu passei as duas primeiras semanas que a gente entendeu o que estava acontecendo meio que chocada e sofrendo um pouco, porque a gente tinha um plano e eu trabalhei com a minha melhor amiga, Lindsey, que é a diretora criativa para lançar bastante conteúdo, e direcionar o projeto do jeito que a gente queria ver acontecer. Mas eu não acho que eu possa reclamar, pois veja, eu tenho uma casa e um cachorro, e eu estou conseguindo trabalhar. Então eu estou tentando fazer o melhor que posso e com Certeza tenho dias ruins. Mas tem sido bom para mim, porque me dá uma sensação de propósito e um jeito de me conectar com as pessoas.1A: Eu te perguntaria mais uma coisa sobre o Corona Vírus. Hayley Williams, seu estado natal é o Tennessee, que é um dos estados em que há expectativa de abertura no final dessa semana. Como residente do estado, eu me pergunto como você se sente quanto a essa decisão.
Hayley Williams: Eu não me sinto bem sobre isso. Me assusta. Eu acho que Nashville não é mais uma cidade pequena, mas de muitas formas nós agimos como se fossemos. Eu estou em uma comunidade pequena. Eu sei que muitos donos de negócios estão esperando esse retorno, já que logo antes da pandemia, passamos por um terrível tornado que destruiu a cidade e bagunçou os negócios locais. Muitos amigos meus que têm negócios na cidade estão acabados. E eu acho que todo mundo estava esperando que as coisas voltassem ao normal por muito mais tempo do que estamos em quarentena. Mas me assusta, eu com Certeza não estarei por aí fazendo compras ou numa cafeteria, e confie em mim, eu sinto falta de sair para comprar um café com leite em algum lugar. Esse é um problema de primeiro mundo para mim, eu estou em casa aprendendo como fazer espuma de leite para mim mesma, mas eu não me sinto bem sobre isso. Acho que estamos colocando muitas coisas em risco. Eu tenho avós que têm mais de setenta anos e eu tenho uma avó com mais de oitenta anos que está em uma casa de repouso agora. Não sei, não parece Seguro para mim, eu queria que o governo esperasse mais um pouco para permitir que a cidade abrisse novamente.
Relembre a performance do Paramore para a NPR, em divulgação do álbum After Laughter!
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