O Paramore está em turnê com a banda Soccer Mommy, e durante o trecho da Costa Leste dos Estados Unidos, as vocalistas das duas bandas, Hayley Williams e Sophie Allison, tiveram uma conversa com a Stereogum, um blog de música que faz parte da divisão de mídia da Billboard.
Hayley e Sophie, numa entrevista bastante descontraída, conversaram sobre muitos assuntos, dentre os quais as razões que levaram o Paramore a chamar a Soccer Mommy para a turnê nacional, como é estar nessa turnê juntas, as novas perspectivas para mulheres na indústria da música e até um pouco sobre o processo de escrita de suas músicas.
Confira abaixo, em tradução feita pela Equipe Paramore Brasil, tudo o que foi dito nessa entrevista:
Sophie Allison tinha oito anos quando o Paramore lançou o seu single de estreia, “Pressure”. Com Hayley Williams nos vocais, Paramore foi uma das únicas bandas pop-punk convencionais que tinha uma garota adolescente no leme. Ela tinha cabelos laranjas explosivos para combinar com sua personalidade no palco e uma quente mas inabalável personalidade que fez o Paramore se destacar dentre outros assinados pela Fueled By Ramen. Williams esculpiu o espaço para jovens mulheres numa comunidade que pode ter lhes dado boas vindas nos shows, mas não estava necessariamente interessada em vê-las no palco. Não é um exagero assumir que existem muitas pessoas excluídas que viram um videoclipe do Paramore e decidiram que eles, também, poderiam ser vocalistas de uma banda de rock algum dia. Para uma certa geração, ela é um ícone.
Agora, Allison é vocalista de uma banda chamada Soccer Mommy. Ela lançou seu primeiro álbum completo, “Clean”, mais cedo este ano, que foi nomeado um dos 50 Melhores Álbuns de 2018 Até o Momento. Soccer Mommy está abrindo shows para o Paramore no trecho da Costa Leste de sua turnê nacional e Allison está tocando nas maiores salas que jamais tocou. (Não são nem mesmo salas, são arenas). Apesar do Paramore ter sofrido mudanças no lineup ao longo dos anos desde que romperam pela primeira vez com o convencional, a banda ainda encontra maneiras de surpreender seus fãs. Ano passado, eles lançaram seu álbum influenciado pelo new wave e Britpop, “After Laughter”, o qual Williams (que agora tem 29 anos) escreveu no meio de um episódio de depressão. “Você pode correr na fumaça de ser uma adolescente por quanto tempo quiser, mas em algum momento a vida vai te atingir de verdade”, ela disse uma vez sobre o álbum.
After Laughter é o Paramore crescido. É um álbum que confronta desafios de cabeça erguida e dá aos ouvintes algo que eles possam dançar quando a caminhada fica especialmente difícil. Em contrapartida, o “Clean” de Soccer Mommy encontra uma Allison num momento de sua vida em que a mudança é a única constante e os momentos mais simples da bênção adolescente levam a grandes revelações.
Quando eu conheci Allison e Williams nos bastidores antes do show no Barclays Center no Brooklyn, estava aparente que as duas já tinham estabelecido uma amizade nessa turnê. Williams já está nesse negócio há muito tempo, mas quando todos sentamos para conversar ela escuta Allison com uma atenção que sugere que ela pode aprender com Allison, também, apesar da diferença de idades. As duas conversaram sobre Nashville, sua cidade natal compartilhada, os aspectos frustrantes de sair em turnê com um monte de rapazes, e a insegurança que todos os músicos lutam contra independente de quão bem sucedidos eles são. Leia a conversa delas abaixo.
STEREOGUM: Hayley, por que o Paramore decidiu trazer a Soccer Mommy numa turnê?
WILLIAMS: Bom, primeiro de tudo, nesse ciclo do álbum nós apenas estamos tendo mais intenção, eu acho, em ter mais mulheres ao redor. Para mim, é um pouco como uma coisa egoísta porque por tanto tempo eu sempre fui a única artista feminina nas turnês. Especialmente quando nós éramos mais jovens e nós éramos agendados em outras turnês, eu era sempre a única garota. E isso realmente afetou meu senso de feminilidade e parte da minha identidade por muito tempo. Então é meio que um momento natural e também é nosso interesse coletivo como uma banda ter mais energia feminina por perto e, obviamente, a música é incrível também. Quer dizer, o primeiro trecho da turnê nós tivemos a Bleached conosco e isso foi muito, muito legal para mim porque eu conheço Jen Calvin da revista que ela estava fazendo e Best Coast surgiu e a Beth [Cosentino] e eu somos amigas por seis ou sete anos agora. Com você, Sophie, e a Soccer Mommy, foi mais ou menos como a conexão de Nashville. O que nós queremos ouvir toda noite quando estivermos nos divertindo e com quem nós queremos estar em comunidade? Também é interessante porque não é sempre fácil se divertir em turnê, mas a vibe é tão boa, que é fácil. Vocês, quer dizer, eu digo isso pra ela milhões de vezes, mas vocês soam tão bem todas as noites. Nós gostamos de ter música muito boa em turnê conosco e que nos inspire. É apenas esse bônus incrível que eu sinto um parentesco com outras artistas mulheres e é realmente bom ter isso. Essa foi uma resposta muito longa, por sinal, meu Deus. [Risos]
STEREOGUM: Paramore surgiu num tempo em que não se tinha muitas bandas com vocalistas mulheres liderando o desfile.
WILLIAMS: Elas não estavam recebendo o incentivo inicial de que precisavam, sabe? Nós tivemos sorte também de poder ficar, permanecer em meio a tudo aquilo e agora estarmos nesse momento, esse momento cultural, no qual eu sinto que as pessoas estão recebendo as oportunidades devidas com um pouco mais de frequência. Você ainda vê algum desequilíbrio e tudo mais, mas tenho certeza de que sempre haverá um pouco disso, mas o que eu amo agora é que existe uma variedade tão grande e também há uma tanta qualidade na música que está sendo feita por mulheres – Soccer Mommy é um grande exemplo – existem grandes produções sendo feitas por mulheres. Quero dizer, eu sou uma grande fã da Grimes.
ALLISON: Sim, eu amo a Grimes!
WILLIAMS: Ela é incrível. Ela é tão talentosa.
STEREOGUM: Sophie, você cresceu como uma fã do Paramore?
ALLISON: Sim, eu cresci.
WILLIAMS: Sério?! Isso é incrível.
ALLISON: É bem constrangedor, mas num acampamento de rock eu cantei “That’s What You Get”.
WILLIAMS: Não! Você tá brincando comigo?
ALLISON: Sim, eu cantei!
WILLIAMS: Isso é tão legal.
ALLISON: Então, é bem louco estar aqui, obviamente. Eu concordo totalmente com você – é tão bom poder ir para uma turnê com outras mulheres só porque pode ser realmente uma droga. Eu só tenho garotos na minha banda agora, em alguns momentos é diferente, mas apenas não ter nenhuma mulher por perto pode ser realmente uma droga. Mesmo que eu ame os garotos. Tem tanta música boa sendo feita [por mulheres]. Eu sempre tento escolher bandas que quero ouvir toda noite. Algumas vezes as pessoas escolhem bandas de abertura baseadas em, você sabe, números ou algo e então eles odeiam aquilo o tempo todo.
WILLIAMS: Sim, é meio que miserável.
ALLISON: Eu tive amigos que fizeram isso e ficaram reclamando sobre o tempo inteiro e eu falei: “Escolha uma banda diferente!” Como um headliner, você pode escolhê-los.
WILLIAMS: Sim, você realmente tem esse poder.
ALLISON: Escolha uma banda que você queira ver todas as noites e que queira passar tempo juntos.
WILLIAMS: Também penso isso, cara. Quer dizer, nós abrimos para bandas realmente grandes e então nós fizemos grandes turnês em que nós fomos co-headliners e algumas vezes você se compromete com a abertura e nós estivemos em quase todos os cenários a essa altura. E honestamente, não há nada melhor do que levar seus amigos. Estou tentando pensar em alguma banda de amigos que eu não ame e não respeite sua música. Não acho que tenho nenhuma. Acho que eu gosto da música de todos os meus amigos. A energia e o coração do que está acontecendo por aqui é tão mais importante porque você está longe de tudo que é confortável por muito tempo. E claro, nós temos sorte e podemos ver coisas incríveis e conhecer pessoas e estar ao redor de música o tempo inteiro, o que é ótimo, mas se você não estiver inspirado e não estiver sendo alimentado por algo que realmente tenha um coração – relacionamentos e tudo aquilo- isso pode esvaziar você muito rápido. E então lá está você pelo país, longe da sua família, seu cachorro e seu sofá em que gosta de assistir filmes ou ter sua menstruação pelo dia inteiro e você apenas… tenha algo em que você realmente possa chegar, tocar e ficar “OK, estou bem. Eu sou humana. Tem outros humanos aqui comigo que entendem.
ALLISON: Isso é o que pedir comida tailandesa faz por mim.
WILLIAMS:É mesmo? [Risos]
ALLISON: Eu fico, “Ok, estou segura aqui.” Quando eu faço uma refeição ruim eu fico, “Essa cidade é péssima. Eu detesto aqui. Quero ir emora instantaneamente”.
WILLIAMS: Esse é seu conforto, essa é a coisa a que você recorre. Eu amo poder saber isso sobre você. Eu acho que isso diz tanta coisa. Eu realmente entendo isso.
ALLISON: Eu só quero poder ir ao Smiling Elephant quando voltar pra casa ou algo desse tipo.
WILLIAMS: Meu deus, eu já ia te perguntar se você gosta do Smiling Elephant. É o melhor!
ALLISON: Eles estão fechados, o dono voltou para a Tailândia pra pegar –
WILLIAMS: Pra pegar receitas antigas pra você.
ALLISON: Sim, pra pegar receitas antigas para mim.
STEREOGUM: Esse é um local de Nashville?
WILLIAMS: Não é muito longe pra nenhuma das duas, mas a sopa do Tom Kha é a melhor na cidade inteira.
ALLISON: Eu peço o Pad Krapaw, com arroz e molho e frango e verduras.
STEREOGUM: Quais são os lugares em Nashville que vocês duas frequentam?
ALLISON: Hm, o Santa’s? Você já esteve no Santa’s, Hayley?
WILLIAMS: Não, eu ainda não fui ao Santa’s Pub.
ALLISON: Você devia realmente ir, ambos os meus bateristas tocam lá.
WILLIAMS: Sério? O Santa’s sempre parece muito legal. Eu tenho vários amigos que vão lá. Eu morei fora de Nashville por grande parte da minha infância e na minha adolescência quando estávamos crescendo. Quando voltei de Los Angeles depois de estar lá por alguns anos eu tentei me mudar para mais perto da minha família e então passei pelo meu divórcio e tudo aquilo, e eu estava, você sabe, é hora de ir pra Nashville. Então tem muita coisa sobre a minha cidade natal que eu estou vivendo pela primeira vez. É como se eu fosse uma recém-nascida. E a cidade tem crescido muito também. Toda vez que vamos pra casa depois de uma turnê, você provavelmente sabe disso-
ALLISON: Aham.
WILLIAMS: Ela muda.
ALLISON: Estou descobrindo todos os bares agora. Acabei de fazer 21 anos mas eu tinha uma identidade falsa. Eu tinha a identidade da minha irmã, parecia comigo e tinha meu endereço.
WILLIAMS: Vocês tem idades próximas?
ALLISON: Sim, dois anos de diferença.
WILLIAMS: Ugh, ah meu deus, eu queria ter tido isso.
STOREOGUM: Vocês duas começaram a tocar bem jovens. Hayley, você tem feito isso desde pouco mais de 10 anos, mas tem algo que você gostaria de saber antes de entrar nessa indústria? Essa é a maior turnê da Sophia até o momento.
WILLIAMS: É um clima muito diferente em todos os sentidos possíveis do que quando éramos crianças e estávamos aprendendo a tocar os instrumentos ou praticando no porão da casa do Taylor. Eu estava numa época muito difícil, mas eu não sabia que estava passando por um tempo tão difícil porque eu tinha uma visão muito aberta para as coisas. Quando eu entrei nesse cenário, que crescemos nele e já fazíamos parte por um bom tempo, eu apenas queria ser parte de um clube de garotos para conseguir o sucesso. E a maioria dos amigos da minha cidade eram homens por causa dos meus interesses, eu acho. Agora que eu sou adulta eu tenho amigas maravilhosas, mas sempre estou rodeada de garotos e isso afetou meu senso próprio e a forma que eu enxergava às pessoas. Não importava o quão grande eram as bandas que tocavam junto com a gente, não havia um show que a gente fazia que não tocávamos melhor que as bandas que tinham homens à frente porque eu achava que devia ser melhor para provar meu valor ou para as pessoas não olharem para o palco vendo uma pequena garota cantando. E deve ter sido muito legal ver uma garotinha tentar ser firme nos palcos, mas eu não sei como eu aparentava. Tudo que eu sabia era o que estava saindo dos meus olhos. Então eu acho que o que eu queria saber antes era essa coisa maravilhosa, essa força incrível. A minha diferença para os meus colegas de banda, não é somente a coisa que me faz ser a pessoa que eu sou hoje, mas também é o que nos faz ser a banda que somos. Você sabe, todas as nossas forças individuais se unem. Eu não sei se você sente isso, Sophia, mas quando estamos no palco, e pela maior parte da nossa carreira, eu percebo que não sinto o gênero. Eu não sinto que isso existe quando estou lá em cima. Eu acho que “sexy” é qualquer coisa que você queira ser. Seus sentimentos e sua identidade pode mudar em cada música. Eu me preocupo em como seria se eu tivesse alimentado aquela versão mais nova de mim com esses pensamentos que eu tenho hoje em dia.
ALLISON: Quando era mais nova, eu definitivamente gostaria de ter sentido isso mais… eu gostaria de ter começado a lançar músicas mais cedo porque eu não fazia isso até me formar no ensino médio. Isso tudo foi porque eu nunca gostava muito da minha voz ou achava que seria uma ótima cantora. Então eu nunca pensei, “OH eu sou uma cantora. Eu posso ser maravilhosa em cima do palco. ” Eu sempre pensei, “eu toco violão. Eu posso tocar violão”.
WILLIAMS: E é uma compositora.
ALLISON: Honestamente, ser uma guitarrista garota em Nashville era assustado. Eu achava que ninguém ia me chamar para fazer parte de uma banda ou para tocar guitarra. Tipo, nunca iam me chamar para fazer isso. Eu nunca deveria esperar ser chamada para fazer algo desse tipo, mas…
WILLIAMS: Mas é difícil saber disso.
ALLISON: É difícil saber e acreditar nisso quando você está rodeada de outras pessoas que estão fazendo isso também. Mas eu gostaria de ter pensado, “vou começar minha própria banda e eu sei que toco guitarra muito bem e as pessoas vão gostar da minha voz do jeito que ela é.” [Risos]
WILLIAMS: Eu ouço sua voz e penso, “Meu Deus”. Crescer ouvindo bandas tipo… Você conhece a banda “The Dog”?.
ALLISON: Não.
WILLIAMS: Acho que você vai amar “The Dog”. Eles são sensacionais. Tem algumas coisas que você faz, tipo essas harmonias, que me lembram essa banda. Eu ouço vozes como a sua e penso, “Cara, eu não consigo fazer isso.”
ALLISON: Você canta muito bem, então…
WILLIAMS: Cara, [Risos] mas é isso que fazemos com nós mesmo, tipo, nos diminuímos muito. Nós vemos e ouvimos coisas que ninguém perceberá. Eu acho que você tem uma voz que quando eu ouço suas histórias… é essa forma que você canta as letras que escreve. Só você consegue entregar elas desse jeito, você sabe, é genuíno. Às vezes eu me pego pensando, “eu sou uma cantora”. Eu aprendi a escrever e a tocar numa banda depois, mas antes eu era uma cantora. Eu cresci e queria cantar o tempo todo. Então é bem legal para mim ouvir um artista que conta uma história enquanto está cantando. E eu acho sua voz sensacional. Você deveria amar sua voz.
ALLISON: Talvez um dia.
STEREOGUM: Eu acho que todo mundo sente isso sobre a própria voz. Todo adolescente luta com os seus sentimentos, suas dúvidas e sentem um pouco de aversão própria.
WILLIAMS: Todo ser humano.
STEREOGUM: Quando vocês duas chegaram ao momento que achavam estar suficientemente confiantes para começar a escrever músicas e cantar numa banda?
WILLIAMS: Eu queria fazer parte de uma banda desde quando eu tinha 8 ou 9 anos porque eu me sentia muito sozinha quando era criança. Eu era filha única e logo meus pais se separam. Eu amava música. Cresci em Mississippi e lá, ou você se torna atleta ou modelo. Era uma cidade sulista bem típica. Então, na época que eu conheci os garotos eu estava louca para cantar e tocar com algumas pessoas. E tudo que eu podia fazer era cantar em Nashville. Eu não podia treinar com as pessoas ou algo do tipo. Então, quando conheci eles, eu nem ligava se era boa no que estava fazendo. Eu apenas achei que tinha encontrado a minha galera e queria fazer aquilo todo dia mesmo sem ligar se a gente saísse ou não do porão. Eu apenas queria fazer aquilo por estar me sentindo em casa ali.
ALLISON: Eu tocava e cantava desde que tinha 5 anos, então eu não pensava “vou escrever músicas agora”. Era mais sobre eu ter dúvida se ia mostrar aquilo tudo para alguém ou não. E eu nunca pretendia tocar aquelas músicas ao vivo. Mas no ensino médio, eu fui para uma escola artística e entrei numa banda para cantar e tocar com eles.
WILLIAMS: Que legal.
ALLISON: Quando eu estava me formando no ensino médio eu pensei, “eu quero fazer músicas boas para não conseguir odiá-las. Eu não posso odiar a minha voz. Eu posso passar quatro horas editando a minha voz para ficar OK. Eu vou colocar mais vozes por cima para ninguém conseguir ouvir o tom real dela”.
WILLIAMS: É a melhor truque! É melhor truque de todos.
ALLISON: Faço isso em quase todas as minhas músicas… acho que as únicas que não fiz isso foram “Scorpio Rising” e “Your Dog”.
WILLIAMS: “Scorpio Rising” é uma música maravilhosa. Eu conheci ela bem depois de ter o disco. Em Nashville, todos os lugares que eu vou são apenas 5 minutos de distância, então todo disco que eu compro [para tocar no meu carro] só dá tempo de ouvir as primeiras músicas. Por um bom tempo, tudo o que conhecia eram as primeiras músicas. Aí nessa turnê… quer dizer, você acha estranho eu ouvir suas músicas no quarto do hotel?
ALLISON: Não, porque eu tenho ouvido “still into you’ todas as noites depois dos shows.
WILLIAMS: Graças a Deus. Eu tenho ouvido “Clean” e “Scorpio Rising” enquanto estava fazendo algumas coisas no quarto do hotel e pensei “Meu Deus!!!”. Eu realmente amo o jeito que você canta as coisas.
ALLISON: Obrigado!
WILLIAMS: É refrescante e as vezes é perfeitamente colocado e suave ao ponto de eu poder relacionar à muitas das suas letras. Você não gosta do som da sua voz nessas músicas?
ALLISON: Eu estou “ok” com a maioria das músicas desse álbum. Em “Your Dog” eu tentei regravar na minha casa umas 4 vezes depois que as gravações dos estúdios foram finalizadas. E “Flaw”… e “Cool”…
WILLIAMS: Tudo?
ALLISON: Eu achei que estava tudo errado e soava muito ruim.
WILLIAMS: Eu acho que por estar tão triste enquanto estávamos fazendo o “After Laughter”, eu não gostava de nada. Mas quando estávamos ficando entusiasmados e empolgados com as músicas, nós pensávamos “ok, na verdade, nós temos algo muito bom aqui”. Eu fiquei tão apaixonada pela versão demo de “Forgiveness”. Eu chegava no estúdio, pegava no sono e acordava quatro horas depois. Eram muitas sonecas depressivas, eu não estava nada bem. E teve uma noite que eu cheguei e tinha que cantar “Forgiveness” e depois eu lembro que acordei e já estava pedindo comida e disse “Garotos, eu nunca mais vou gostar de algo que cantar, então vamos usar a versão demo mesmo”. Ás vezes quando menos você pensa sobre algo, melhor. E quando gravamos “Forgiveness”, estava numa época tão estranha que eu não ligava muito para a forma que soava. Eu só queria colocar aquilo para fora. Eu gosto quando isso acontece e gosto de refazer algumas coisas de última hora, mas as vezes já está tudo pronto e você não precisa pensar muito sobre isso.
ALLISON: Muitas vezes eu acabo lançando a primeira gravação.
STEREOGUM: Performar essas músicas todas as noites, dão a vocês uma sensação de conclusão com elas?
ALLISON: Se sair tudo bem, sim.
WILLIAMS: Cada noite pode ser diferente. Para mim é mais se a emoção está presente ou não, sabe? Existem músicas que eu sou acostumada em não ser capaz de performar sem sentir toda a carga emocional dela, então, durante uma turnê você começa a associar algumas letras com os olhos de alguém da plateia que você se conectou ou com alguma coisa que você fez ou pensou no dia que estava cantando ela. Eu não sei, eu acho que memória, tempo e cura é algo tão estranho e que eu ainda estou passando. Com esse álbum [e turnê] eu tenho prestado atenção nesse processo o tempo todo.
ALLISON: É um sentimento muito legal quando [as performances] dão certo todas as noites. Se não derem certo eu fico muito brava internamente. Eu não fico mal-humorada por fora, mas eu sinto essa raiva borbulhando dentro de mim. Eu nunca vou gritar com alguém ou enlouquecer, mas eu fico tensa internamente se alguma coisa der errado; se eu ou alguém tocar alguma parte errada ou se minha voz falhar.
WILLIAMS: É porque você sente que não conseguiu finalizar a música da forma correta, ou porque você começa a se questionar se é boa no que faz e etc..?
ALLISON: Eu acho que é isso, mas eu também sinto que se nós não conseguimos tocar as músicas bem, será se a música é realmente boa?
WILLIAMS: Tipo, sua carreira vai acabar.
ALLISON: Teve uma noite que eu fiquei meio bêbada e acho que não foi um ótimo show mas eu me diverti muito.
WILLIAMS: Eu tento guardar para o bis, porque de outra forma…
ALLISON: Normalmente, eu não bebo antes dos shows, mas as vezes eu bebo e ai subo no palco e grito “OLLAAAAÁ TODO MUNDOOOOO”
WILLIAMS: OHH! Eu costumo falar tanto que enjoa. As pessoas aqui ficam, “Hayley você apresentou a gente durante 5 minutos”. Eu não consigo beber assim. Eu não sei como alguém consegue. Tipo, os cantores que cresceram com a gente sempre bebiam e fumavam. [RISOS]
ALLISON: Bem, provavelmente eles não estavam cantando, estavam apenas gritando.
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