Hayley Williams deu uma entrevista para compor a 6ª edição da revista inglesa Ladyfuzz, na qual contou um pouco mais sobre os últimos 2 a 15 anos de Paramore, explicou a motivação do hiatus da banda e o fim rápido do ciclo After Laughter em comparação às divulgações dos outros álbuns.
Confira a tradução completa da matéria:
Esse mês eu pude conversar com Hayley Williams do Paramore, no trecho final da turnê After Laughter. O álbum foi lançado em Maio de 2017, e apenas um pouco mais de um ano depois a banda se encontra finalizando a campanha do álbum mais rápido do que qualquer um de seus outros álbuns. Por quê? Para sair por cima, para cuidar de sua saúde mental e física, para permanecer em bons espíritos, e manter suas amizades de anos.
Hayley e eu temos uma amizade desde que eu tinha 14, e ela 17. Eu costumava panfletar para a Fueled By Ramen/Paramore Street Team, então estive presente nas suas primeiras turnês no Reino Unido, e nossos caminhos se encontraram bastante durante a última década, mais ou menos. Esse mês nós finalmente decidimos fazer essa entrevista, depois de conversarmos sobre fazê-la exatamente nesse momento, dois anos atrás. Talvez valha a pena mencionar que Hayley não passou por um publicista para fazer isso, isso foi puramente no tempo dela. Talvez ninguém se importe, mas nós somos uma revista punk bem pequena, e nós apreciamos o interesse de Hayley no que nós fazemos, e que ela queira fazer parte disso.
A última vez que eu e Hayley nos falamos foi quando ela estava terminando os detalhes finais do After Laughter no estúdio, como mencionei antes.
“Finalmente estou em casa! Em Nashville. Agora nós estamos ensaiando para o último show do After Laughter. É mais como uma festa de “volta para o lar” que nós chamamos de Art and Friends.”
Nessa era atual do Paramore as coisas parecem ter se acalmado um pouco mais. Eu perguntei a Hayley como ela estava mentalmente nesse ponto do ciclo After Laughter em comparação aos álbuns anteriores:
“Esse é o menor ciclo de álbum que nós já fizemos. Zac, Taylor e eu estávamos conversando outro dia sobre como estamos parando enquanto ainda estamos na frente com esse daqui. Nós estamos cansados, claro, mas estamos mais felizes como amigos. Nós ainda queremos estar perto um do outro, nos conhecermos, e criarmos coisas juntos.”
É ótimo saber que no mundo da banda as coisas estão indo bem, diferentemente dos últimos anos em que Hayley teve um apagão nas mídias sociais.
“Eu passei anos fora do Instagram e alguns meses fora do Twitter. As duas decisões foram feitas no meio de grandes mudanças na minha vida… ou então apenas momentos muito estressantes. Depois de um tempo, eu percebi que eu não estava ciente dos meus próprios pensamentos, livre de influências externas desnecessárias. A melhor coisa a fazer foi me retirar do perigo de ser sobrecarregada com informação. Eu provavelmente vou fazer isso de novo alguma hora mas eu faço pequenos intervalos no Twitter por precaução. Tem Trump demais.”
É difícil escapar em muitos momentos. Todos tem sua própria maneira de se prender, como faz Hayley para se fazer se sentir menos como uma personalidade da internet ou dos palcos, e mais como um ser humano normal.
“Eu encontro alívio em um monte de coisas diferentes. Eu não encontrei ainda o meu grande “vá para isso”. Algumas vezes é atirar aros sozinha. Exercícios lentos. Ler um livro ou escrever num diário sempre ajuda. Ir passear com o meu cachorro. De verdade a melhor coisa que eu encontrei é ter uma verdadeira comunidade com meu grupo de amigos. Pessoas com quem eu possa conversar, que entendem ou pelo menos querem entender a ameaça da ansiedade e depressão. Seja quando estamos rindo sobre nada ou vasculhando algo profundo, um tipo de conversa mais holística, comunidade é cura.”
Fora de casa, perguntei a Hayley se ela sentia que podia procurar seus companheiros de banda e equipe para conversar abertamente sobre seu estado mental quando ela não estiver se sentindo tão bem.
“Com certeza. Não apenas nós podemos conversar sobre nós mesmos como uma banda, mas nossa equipe é uma família pra nós. Nós estivemos presentes uns para os outros em tantos momentos diferentes. Falando sério, todo mundo sabe que o Paramore é uma banda realmente sensitiva… Olha pra tudo o que a gente já passou. Não é novidade pra ninguém! Cada um de nós lida com nossas próprias versões de ansiedade e outros tipos de nuvens de chuva mentais e somos sortudos por termos o tipo de sistema de suporte que temos. Eu mandei uma mensagem para o nosso gerente alguns dias atrás para dizer pra ele que esse ano nosso presente de aniversário pra ele é que depois de 15 anos trabalhando com ele, nós finalmente tomamos o conselho dele sobre aprender como nos comunicarmos e sermos honestos uns com os outros sobre onde nós estamos.”
Ouvir isso pode ser uma surpresa para as pessoas porque com o passar dos anos o Paramore teve um duro caminho. Como o Paramore está planejando fazer um intervalo, eu perguntei como estavam os dias da Hayley sem um cronograma diário e um gerente de turnê:
“Eu estou ansiosa para aprender meu novo normal. Nós decidimos tirar um verdadeiro intervalo… do tipo que nós realmente deixaremos ir e apenas esperar as coisas acontecerem, independente do que isso signifique ou de como se pareça. Não é algo que queremos sensacionalizar e não é uma estratégia de marketing. Nós somos amigos primeiro e uma banda em segundo. Agora nós seremos apenas amigos navegando pelas águas vorazes da vida adulta juntos, descobrindo-a sem um prazo iminente.”
Com o Paramore fora da estrada por um tempo, Hayley pode focar no seu empreendimento mais recente, “Good Dye Young”. Brian O’Connor, co-fundador, tem estado ao lado de Hayley não apenas como um parceiro de negócios, mas como estilista de cabelo e maquiagem enquanto o Paramore está em turnê. Juntos os dois têm se segurado.
“Brian e eu temos nos apoiado tanto nos dois últimos anos. Isso é um pouco pessoal mas nós dois passamos por divórcios e um bocado de porcarias pessoais entre o último álbum e agora. Antes de mostrá-lo a demo de “Forgiveness” nós não fazíamos ideia de que o outro estava passando por um pesadelo. Agora, nós falamos sobre tudo juntos. Ele tem me segurado e me juntado (emocionalmente) por muitas e muitas noites antes dos shows. Eu estou tão agradecida por seu amor resistente e pela sua crença em mim de sair de um lugar realmente não saudável para outro mais firme.”
Agora estando em um lugar mais estável, perguntei a Hayley se ela se sentia em pleno controle de sua carreira, como uma artista realizada:
“Eu me sinto completamente confiante no que nós fazemos como uma banda e ao mesmo tempo não me preocupo em controlar nada. É porque eu tenho fé nos meus companheiros de banda e que nós sempre seguiremos nossos corações. Estou completamente agradecida pelo meu papel na GDY porque obviamente ainda é muito recente e nós somos uma companhia tão pequena. Em alguns dias eu não faço ideia do que estou fazendo!”
Acompanhando isso, nós conversamos se tiveram muitos momentos na carreira da banda em que Hayley sentiu como se alguém da indústria tentou tirar proveito dela ou do resto da banda em detrimento das crenças deles, visão ou saúde mental…
“Honestamente, mesmo com tantos dramas que cercaram nossa banda, nós tivemos muita sorte em se tratando de assuntos da indústria. Claro que tiveram alguns momentos em que nós recuamos e encontramos resistência. Nós sempre fomos um pouco estranhos para se trabalhar porque quando acreditamos em algo que estamos fazendo, nós não cedemos muito. Nosso gerente sempre foi uma parte crucial do nosso aprendizado em tomarmos conta de nós mesmos. E especificamente durante o ciclo After Laughter, ele ajudou a proteger nossas mentes nos escutando e entendendo nossos limites. Nós provavelmente teríamos acabado há muito tempo se não fosse por suas orientações e a confiança que temos nele. Obrigada a todo mundo que apoiou a mim e a banda. De qualquer forma, grande ou pequena. Música tem me mantido presente e viva e significa o mundo poder fazer isso.”
Paramore Brasil | Informação em primeira mão