Com o final da década se aproximando, a Billboard resolveu homenagear algumas das músicas que mais marcaram os anos 2010. Hard Times foi então escolhida para integrar essa lista por representar a cultura desse período.
Para falar um pouco sobre isso convidaram Hayley Williams, vocalista da banda, e a tradução completa da matéria e a entrevista você confere abaixo:
A Billboard está celebrando a década de 2010-2019 com matérias sobre as 100 canções que não só definiram a década, mas também refletiram e moldaram a música e a cultura durante esse período. Para isso, o portal entrevistou artistas, profissionais da indústria e pessoas dos bastidores para contar um pouco das histórias por trás das músicas presentes na lista. Dessa vez, Hayley Williams conversou com a Billboard para falar sobre a canção “Hard Times”. Confira a tradução da entrevista na íntegra:
Você pode parar de ouvir “Misery Business”, mas mesmo assim ainda vai precisar saber lidar com algum sofrimento. Dez anos depois do grande sucesso de 2007, Hayley Williams estava quase sem forças. A vocalista se sentia esgotada e injuriada por conta do tempo na estrada e do calendário de lançamentos, além de um ciclo de ex-integrantes que deixaram a banda de forma nenhum pouco amigável, uma delas seguida de um processo judicial. O extenso disco auto-intitulado da banda, lançado em 2012, trouxe ao Paramore sua primeira canção a alcançar o Top 10 da Billboard, mas nem a redenção de “Ain’t Fun” foi capaz de impedir que a banda ficasse mais tempo do que nunca sem lançar um álbum de inéditas. Por um curto período em 2015, Hayley Williams saiu secretamente do Paramore.
“‘Hard Times’ foi totalmente sobre reconhecer as m** da sua própria vida”, diz Williams. “Aceitar, seguir em frente e, às vezes, desafiar [essas questões]”. Paramore retornou no início de 2017 com ‘Hard Times’, uma canção inspirada em Talking Heads que saía do pop-punk que havia definido boa parte da carreira da banda, mas que se tornaria, seguramente, um dos seus melhores singles até então. Com todos os seus grooves tropicais e gritos de guerra, ‘Hard Times’ se tornou um símbolo de enfretamento dos fantasmas do Paramore.
Durante a divulgação do “After Laughter”, Williams sempre foi bastante franca sobre a sua luta contra a depressão. “É crucial para mim escrever como uma forma de terapia”, diz Williams, agora já depois dos 30, relembrando a letra de ‘Hard Times’ sobre nuvens de chuva pessoais e querer entrar em um buraco no chão. “Me mostra coisas sobre a minha vida e meu emocional que, caso contrário, eu poderia não perceber”.
O “After Laughter” deu ao Paramore a maior aclamação da crítica da sua história. Eles sempre foram heróis para os viciados em pintar o cabelo e frequentadores do MySpace e da Warped Tour, mas ao levar a sua paleta de sons em direção ao estilo do Tame Impala, com canções como “Passionfruit” (a banda frequentemente tocava a canção do Drake nas turnês), o seu público se diversficou consideravelmente.
Em mais uma demonstração de maturidade arduamente conquistada, Williams se reconciliou e fez as pazes com o baterista Zac Farro, que havia deixado a banda em 2010 alegando frustrações com a quantidade de atenção recebida pela vocalista. O pulso original do Paramore voltou a bater e o guitarrista Taylor York — agora o segundo membro mais querido da banda — se encontrou ao encaixar sons apertados e alegres para criar ‘Hard Times’. Ao mesmo tempo, Paramore criou um guia de sobrevivência para as bandas de rock de 2010: a coragem para abrir o coração que fez com que os hipsters os rejeitassem anos antes, agora se tornaria seu elogiado cartão de visitas.
“Eu chorei a primeira vez que eu assisti o filme do show ‘Stop Making Sense’ do Talking Heads”, Williams relembra. “O final é bem comemorativo — a banda está quebrando tudo e a câmera foca no público… e era uma clara mistura de jovens brancos e negros curtindo aquele momento juntos. Eu quero que nossos shows sejam assim”.
Todos os shows da turnê do After Laughter terminaram com “Hard Times”, com seus três minutos de música extendidos com um mini cover de “Heart of Glass” do Blondie, durante uma outro extendida. “Nós olhávamos ao redor do público e víamos todo tipo de pessoa: pele escura, pele bronzeada, pele branca, todos suados e lindos”, Williams lembra. “Era um presente”.
Tradução: JJ Ravagnani
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