Na última sexta-feira (24), a MTV lançou uma matéria sobre a trajetória musical de Hayley Williams, desde o seu primeiro trabalho com o Paramore, All We Know is Falling, até o seu tão aguardado primeiro álbum solo, Petals for Armor, relatando sua evolução como musicista no decurso das transições de sonoridade em cada novo material lançado.
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Confira abaixo a tradução do artigo na íntegra!
Por Grant Sharples
O Paramore, embora não faça mais pop-punk, se tornou um das bandas quintessenciais do gênero. Seus primeiros refrões cativantes e catárticos de canções como “crushcrushcrush” e “That’s What You Get” são representações da era inteira da Warped-Tour dos anos 2000. Mas apesar desse cenário excessivamente dominado por homens e geralmente misógino ter sido composto por inúmeras bandas desejando a morte de suas ex-namoradas em meio a outras fantasias violentas, Paramore desafiou seu pendor patriarcal.
O cérebro da banda, Hayley Williams, considerou sua própria misoginia internalizada e finalmente decidiu parar de tocar “Misery Business” ao vivo, devido a sua letra infame: “Once a whore, you’re nothing more”. Ela trouxe esta crítica e auto-análise para sua carreira solo, a qual ela passou o início de 2020 divulgando suas músicas e visuais.
Quando empresários quiseram fazer de Williams uma artista solo aos 14 anos, ela recusou e iniciou uma banda de pop-punk no lugar. Diferente dos catálogos de várias bandas, cada material da discografia do Paramore expandiu e se distinguiu de seu precedente, evoluindo de guitarras pesadas a temas mais maduros e, por fim, uma sonoridade de synth-pop dos anos 80. Agora, com o lançamento iminente do primeiro álbum solo de Williams, Petals for Armor, ela evoluiu mais uma vez, mostrando uma propensão ao indie-pop minimalista com pegadas do funk, folk e, é claro, emo. Williams é uma camaleoa musical, constantemente mudando de forma e adotando novos sons, dominando um para abandonar e experimentar outro.
Mesmo que Petals for Armor esteja previsto para ser lançado completo no dia 8 de maio, Williams o precedeu em dois EPs exploratórios. As 10 músicas lançadas até agora — e o que veio anteriormente a elas — expõem o quão longe ela chegou nesses últimos 15 anos.
All We Know is Falling (2005)
Quando o Paramore começou em 2004, seus membros eram todos incrivelmente jovens. O baterista Zac Farro tinha acabado de fazer 15 anos, perto do lançamento de seu primeiro álbum, All We Know is Falling, e Williams tinha apenas 16. Mas eles tinham uma visão. O baixista Jeremy Davis deixou a banda no momento em que o processo de gravação começou e, se sentindo abandonado, o Paramore escreveu uma faixa que se centra no assunto da partida. A sombra moldada no sofá vermelho da arte da capa simboliza a ausência de Davis, e muito do material lírico de Williams exibe uma mistura da saída de Davis e do divórcio dos pais. “We’ve tried so hard to understand / But we can’t / We held the world out in our hands / But you ran away”, Williams sustenta na faixa de abertura guitarras distorcidas e com a técnica de palm-muting, além de energéticas baterias. A última faixa do disco, “My Heart”, é inequivocavelmente o mais scene que o Paramore já soou, com o guitarrista e co-escritor Josh Farro cantando em screamo durante a última parte da música. A próxima oferta deles, entretanto, expõe Williams em um brilho mais pop.
Riot! (2007)
Dois anos mais tarde, o Paramore retornou com o álbum Riot!, que inclui algumas das músicas mais populares do grupo na época. O material proporcionou a eles uma abundância de sucesso comercial, oferecendo o caminho para se tornar os esteios da indústria musical. “Misery Business” foi incluída em Guitar Hero World Tour, e “That’s What You Get” em Rock Band 2, fornecendo uma exposição massiva juntamente com a primeira nomeação no Grammy em 2008 para Best New Artist (Amy Winehouse levou para casa o prêmio). Esta também foi a era na qual Williams abraçou o pop do pop-punk. Cada faixa do Riot! tinha um refrão inesquecível — o contagioso “whoa” do refrão de “That’s What You Get” e “Misery Business” são excelentes exemplos. As melodias contagiosas de Williams ajudaram a manter suas canções tanto em estações de rádio de pop e alternativa e comprovaram que eles eram capazes de ultrapassar as fronteiras dos gêneros.
Brand New Eyes (2009)
Agora, com a atenção do mundo voltada a eles, Paramore seguiu com o mais quente e maduro Brand New Eyes. A faixa inicial “Careful” exibe a entrega apaixonada de Williams no verso “You’ve got to reach out a little more”, cantando sobre trinchar seu próprio em busca da felicidade ao invés de esperar os outros a ajudarem a navegar. Tudo se constrói para um rompimento com guitarras harmônicas, e a bateria soa tão enroscadas que poderiam arrebentar a qualquer segundo. “Playing God” homenageia Jimmy Eat World com as harmonias arpejadas e reverberadas das guitarras, tudo guiando para uma das letras mais emocionantes do álbum “Next time you point a finger / I might have to bend it back and break it off”. “The Only Exception” igualmente capturou elementos musicais mais complexos conforme todos os instrumentos barulhentos e beltings foram substituídos por um violão constante em um tempo de 6/8 e o canto baixo de Williams.
Paramore (2013)
Após a saída dos irmãos Farro, o Paramore se tornou um trio composto por Williams, o baixista Davis e o até então guitarrista de turnê Taylor York, que assumiu o papel de compositor principal. Assim, o álbum Paramore de 2013 é uma reintrodução completa. Williams descreveu essa época como um momento em que “realmente queriam aproveitar o processo de criação de um álbum”, e definitivamente parece que eles estão se divertindo aqui. Paramore [álbum] também possui algumas das letras mais memoráveis de Williams, pois seus escritos adquiriram uma profundidade adicional. “Part II”, a sequência de “Let the Flames Begin”, do Riot!, começa com guitarras moduladas que soam mais como Diiv, enquanto Williams canta as linhas “Que pena que todos nós permanecemos / Coisas frágeis e quebradas / Uma beleza meio traída / borboletas com asas perfuradas. ” Um dos grandes singles do LP, “Still Into You”, continua sendo uma das poucas canções de amor que Williams já escreveu. “Eu deveria ter superado todas as borboletas, mas eu gosto de você”, ela canta com seu alcance vocal impecável. Seu trabalho no Paramore delineia uma era completamente nova, na qual Williams e fãs cresceram simultaneamente.
After Laughter (2017)
Com o After Laughter de 2017, o Paramore abraçou totalmente o pop e deixou de lado o punk. Tudo nessa época do grupo girava em torno de sintetizadores, ritmos e percussão dos anos 80. Davis saiu mais uma vez, mas o membro fundador Zac Farro reprisou seu papel de baterista, e seus ritmos emprestam ao álbum uma leveza sem precedentes para um disco do Paramore. Aparte da instrumentação neon, Williams tornou-se uma liricista ainda mais afiada, tornando-se notavelmente mais transparente sobre sua saúde mental. Ela usou piscinas como uma metáfora para a depressão e os óculos cor de rosa para descrever seu otimismo minguante. A abertura de Williams para examinar e discutir sua depressão se tornaria um fator importante na virada solo que ela deu a seguir.
Petals for Armor (2020)
Os ritmos sincopados de After Laughter retornam com um tom mais suave de Petals for Armor, um álbum mais sombrio e ameaçador sobre o qual Williams disse ao The New York Times “agora parece um começo”. Produzido por York, Williams encontra um plano de fundo adequado para suas letras viscerais. “A raiva é uma coisa silenciosa”, ela canta em “Simmer”, suspendendo a segunda parte da frase como se contendo a tal fúria. “Leave It Alone”e a excelente colaboração da banda Boygenius, e “Roses/Lotus/Violet/Iris,” são também dramaticamente silenciosas. Fica claro que Petals for Armor representa a autonomia de Williams sobre sua expressão criativa. Por tudo isso, ela está usando pétalas como armadura, indicando sua força através da vulnerabilidade. “Eu realmente pensei que fosse escrever um monte de músicas de R&B por diversão”, ela disse sobre as origens do álbum. Depois que Petals for Armor for lançado, talvez Williams passe para um gênero diferente ou continue a explorar vários ao mesmo tempo. Sua vasta transformação de pioneira do pop-punk em ícone indie-pop e exploradora rítmica mostrou que ela pode fazer tudo.
Tradução por Carolina Queiroz e Rita Nogueira; equipe Paramore Brasil.
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