O álbum After Laughter nem completou uma semana de lançamento e já está dando o que falar! A mídia tem apresentado diversas resenhas sobre o mais novo trabalho do Paramore, evidenciando a transição de gênero da banda e enaltecendo a qualidade deste álbum cheio de hinos! Abaixo você encontra uma compilação das resenhas divulgadas pela crítica especializada. Confira:
Liricamente, digamos que abrir com uma música chamada “Hard Times” é uma previsão precisa. Williams canta sobre o ato de chorar em nada menos do que cinco músicas, e há muitos momentos – particularmente na faixa intitulada “Grudges” – onde ela poderia estar se dirigindo à saída hostil e subsequentes enredos legais do ex-baixista Jeremy Davis. Uma certa versão da angústia não filtrada que nos familiarizamos desde o primeiro verso de “Misery Business”, mas é uma versão mais velha, mais sábia e mais cansada do mundo (…). Ouvindo After Laughter, alguém poderia projetar a fonte das lágrimas de Williams sobre Davis, seus amigos, sua família, ou seus próprios amigos e sua própria família.
Como o autointitulado, After Laughter foi produzido por York, juntamente com Justin Meldal-Johnsen, um aficionado do alt-pop cuja produção nos dois últimos álbuns do grupo M83 é bastante relevante aqui. “Midnight City” era uma canção de synthpop que poderia depender de uma rádio alternativa, enquanto, contrariamente, Paramore se transformou em uma banda de rock equipada para abrir caminho no Top 40. Eles foram especialmente transparentes em encontrar influência no Tame Impala, uma das bandas de rock mais aprovadas em 2017. Você pode perceber isso em todo o álbum, especialmente no baixo.
Entretanto, nem tudo são céus azuis e otimismo pop. “No Friend”, a penúltima faixa, é facilmente a música mais estranha que já chegou a um álbum do Paramore. Aaron Weiss, conhecido de longa data dos estudiosos de religião do mundo do rock indie, e líder do mewithoutYou (uma das bandas favoritas de Williams), dita uma poesia frenética, quase apocalíptica, sobre um groove de rock. No começo suas palavras são quase inaudíveis; no fim da canção, ele está sozinho segurando um casaco no meio de um rio, debaixo de uma cachoeira, um amigo gritando de volta para ele. Segundos depois, o LP está terminando com a suave balada de piano “Tell Me How”; fará você se certificar de que ainda está ouvindo o álbum certo.
De certa forma, After Laughter conquistou as massas muito antes de o público ter a chance de ver seus cortes profundos. Desde o sucesso surpresa de Paramore, a banda tem desfrutado de uma aceitação crítica que surpreende a todos que estiveram presentes na Warped Tour de 2005. Este ciclo de 2017 começou com uma matéria no Sunday New York Times e uma cobertura de notícias da Pitchfork, coisas que absolutamente não teriam acontecido há uma década, quando a banda iniciava sua trajetória. “Hard Times” foi recebida de braços abertos por críticos, que, além de ser uma excelente canção, marca uma mudança de paradigma na forma como o Paramore foi recebido. O álbum ‘Riot!’ de 2007 recebeu certificado de platina um ano após seu lançamento, mas foi em grande parte ignorado ou rejeitado pelos críticos.
Então, o que mudou? Os fãs antigos cresceram e adquiriram mais voz? As pessoas se acalmaram em relação ao Paramore não ter mais o visual emo de antes? Estamos mais conscientes da debilitante falta de mulheres na maioria dos gêneros populares? Existem apenas algumas poucas bandas de pop rock atualmente? O que quer que o mundo esteja pensando, o Paramore manteve-se nessa barganha. “Hard Times”, “Told You So”, e vários outros singles em potencial (como “Forgiveness”), pelo menos, parecem prontos para ocupar o que resta de um doce lugar para a música de guitarra nas rádios pop. No álbum, depois de seu álbum maduro, a identidade da banda finalmente surge mais forte do que qualquer movimento em particular, pronto para girar em numerosos destinos futuros na bússola rock/pop. Alguém vai ter que ensinar as crianças que a maturidade nem sempre é tão difícil.
Paramore: Resenha de ‘After Laughter’ – pop agridoce colorido
Aqueles que assistem de longe podem considerar o movimento do Paramore em puro pop como uma extensão natural do emo presente nos álbuns iniciais. Mas para muitos, o grupo, que sofreu uma mudança de formação desordenada e subseqüentes disputas legais desde seu álbum de 2013, estão no meio de um renascimento. Os grooves que eles sempre possuíram são trazidos a frente neste álbum vibrante, um contraste com seus temas líricos, que falam sobre tristeza (“eu vou desenhar o meu batom mais largo do que a minha boca”), a depressão em espiral e a ansiedade do envelhecimento. Em Hard Times e Rose-Colored Boy, a pegada pop dos anos 80 e os ritmos highlife levam os vocais de Hayley Williams a alturas inesperadamente divertidas. After Laughter – amargor revestido de doces em sua melhor forma – pode afastá-los das capas da Kerrang!, mas uma coisa permanece consistente às raizes do emo de Paramore – a melancolia teatral da angústia interna.
Os feitos gigantescos do Paramore e os vocais crescentes têm sido frequentemente acompanhados por uma visão de mundo minguante – o single “Misery Business” foi uma carta de veneno para um rival romântico, enquanto “Ain’t It Fun”, o single que os colocou no Top 10 do seu álbum auto-intitulado de 2013, misturou o gospel de “Like a Prayer” com uma postura firme de não confiar ninguém. A tensão entre os ganchos pop e o vocal soprano acrobático da cantora Hayley Williams e uma visão maior do mundo colocaram Paramore à frente da classe pós-milenar da música. Eles seguem em After Laughter, seu primeiro álbum desde 2013 e seu reencontro com o baterista Zac Farro, cuja partida da banda em 2010 pressagiou sua a transição do mundo do rock para o pop.
Álbum marca o retorno do ex-baterista e membro original Zac Farro, que deixou a banda em 2010
O que “pop” pode ser em 2017 está aberto a questionamentos, e em After Laughter, Paramore felizmente não seguiu o conceito da forma como ele é atualmente praticado. (“Não consigo imaginar subir lá e tocar uma canção de Max Martin – nesse ponto poderíamos parar”), disse o guitarrista Taylor York ao The New York Times em abril. Em vez disso, abraçam o pop como uma vibe musical, com um álbum brilhante, enraizado em um baixo feito para ouvir ao dirigir ou dançando sozinho no quarto. Os ganchos são grandes e o detalhamento é sublime, às vezes proveniente de fontes inesperadas. Os arpejos de York adicionam rajadas de cor à insana “Told You So” e “Hard Times”; “Rose-Colored Boy” se parece com o synthpop presente em Cupid & Psyche 85 de Scritti Politti; “Pool” brilha como uma miragem em um dia ardente, sua contramelodia lembra o som de caminhões de sorvete em efeito Doppler. A balada “26” suspira em suas cordas luxuriantes, uma versão mais velha e sábia da faixa “The Only Exception”, de 2009. “No Friend”, a ameaçadora penúltima faixa que deixa Williams de fora das tarefas vocais e entrega o microfone para o vocalista da banda mewithoutYou, Aaron Weiss, antes de enterrá-lo em uma cacofonia frenética de guitarras e baixo, tem uma persistente leveza.
Mas enquanto as superfícies de After Laughter podem brilhar, as letras de Hayley Williams mostram um cansaço que faz com que o brilho pareça estranhamente vazio. “Tudo o que eu quero / é acordar bem”, ela canta na abertura de “Hard Times”, uma faixa que também grita “Minha pequena nuvem de chuva / Pendurada sobre a minha cabeça.” As coisas não ficam muito mais ensolaradas a partir daí – os amigos falsos abundam; “26” gira sobre uma visão de amor que está assumindo eventual desgraça; “Idle Worship” monta seu homônimo para comentar sobre a fama. A voz de Williams está em uma forma deslumbrante, proporcionando ainda mais um contraste com as letras como “Eu vou desenhar meu batom mais largo que minha boca / E se as luzes estiverem baixas elas nunca me verão franzir o cenho”, da suave “Fake Happy”.
Depois de “No Friend”, onde Weiss grita metáforas de baixo dos ruídos da banda, After Laughter apresenta “Tell Me How”, uma balada que permite que a voz de Williams gire em torno de expressões de ansiedade que parecem impossíveis de silenciar. É o encerramento perfeito de After Laughter, um álbum produzido lindamente que faz as sobrancelhas trepidarem de nervosismo, uma combinação que é muito atual, mesmo fora das rígidas linhas do pop.
Paramore entra em uma nova era de pop-punk com ‘After Laughter‘
Não é divertido?
Depois do riso, vem a queda. Depois do riso, vem o retorno à neutralidade relativa e talvez até um pouco de melancolia porque a felicidade é passageira. De certa forma, esse ciclo é o que dá vida ao pop-punk, o gênero que foi trilha sonora de tantas gerações. Por um tempo, o Paramore foi um pilar dessa cena, dando um nome para o negócio emocional em que se encontravam os jovens na segunda metade dos anos 2000: infelicidade. Mas depois da infelicidade vem o riso, porque se a vida não fosse engraçada, seria apenas verdade. (Carrie Fisher consideraria isso inaceitável.) E o mais novo álbum do Paramore, After Laughter, está cheio da maior verdade de todos: a angústia adolescente é para sempre.
Verdade, After Laughter é uma partida do som bombástico dos últimos quatro álbuns do Paramore. Seus dois singles lançados, “Hard Times” e “Told You So”, mostram o trio se inclinando para o pop do pop-punk. As vibrações elegantes dos anos 80 colorem seu som com brincadeiras e dão muito espaço para Zac Farro, o recém-retornado baterista do Paramore, para realmente levar o novo material para casa. Enquanto isso, Hayley Williams lamenta sobre a necessidade de deixar o rock de lado, a fim de reerguer-se novamente. É uma justaposição bem-vinda que alimenta todo o álbum, respirando ar fresco em um gênero que o Paramore ajudou a definir.
Se o Paramore quer permanecer nesse gênero não está claro. O crescimento é necessário para o legado de qualquer artista e After Laughter é certamente um momento disso. A turbulência dos álbuns anteriores é canalizada através da eterna e impressionante voz de Williams, com músicas como “Pool” e “Fake Happy” dando a ela mais espaço para tocar com seu próprio teatro. São as canções que se divertem em um pequeno caos, seja na produção (“Idle Worship”) ou uma chamada e repetição (“Rose-Colored Boy”), que se destacam e encontram o Paramore na sua melhor fase; eles conseguem encontrar a diversão na certa entropia da vida. “Eu não preciso de ajuda / posso me sabotar sozinha” Williams canta junto a bateria e o baixo de Farro e Taylor York em “Caught In The Middle”, uma música de persistência e definição de metas. Eles abraçaram o pop, que é talvez a coisa mais punk que poderiam ter feito.
Com After Laughter, Paramore tem seu público onde eles os querem agora. Eles encontraram o doce dentro do amargo e não estão deixando o rancor prendê-los no passado. “Por que demorou tanto tempo para deixarmos isso partir?” Williams pergunta em “Grudges.” É uma pergunta carregada com uma resposta que não é tão fácil de encontrar, mas a jornada com certeza será divertida, felizmente, cheia de risos. Sorrir? Neste dia e idade? Muito punk.
Paramore Brasil | Informação em primeira mão